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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VIDA, O OCEANO




Hoje descobri que boa parte das vezes que sentimos saudades, ela não está necessariamente ligada a presença física do outro. Percebi (e isso olhando o mar revolto) que na maioria das vezes sentimos mesmo falta de quem somos quando estamos com aquele(a) que consideramos o objeto da nossa saudade. É de nós mesmos que sentimos falta, do eu que somos quando partilhamos com o outro. 


Peguei-me lembrando de algumas situações e gostaria de naquele momento não estar em lugar algum. Sentia falta de um tempo que não volta e de um espaço que embora no presente fosse o mesmo já não o era na lembrança, pois o contexto era de reflexão na qual se exige intimidade.


Essas horas nos mostram o quanto devemos nos sentir e conhecer mais de quem somos e não nos entregarmos ao outro como um motivo de vida perdendo o chão na ausência física do objeto. Digo objeto e sei que para muitos poderá parecer um meio frio de me referir, mas quem disse que saudade só se sente do outro como pessoa?  No meu caso específico embute pessoas, locais e vivências. Mesmo que o ser estivesse ali não seria do mesmo jeito. O contexto muda e conseqüentemente isso faz uma enorme diferença no ânimo e no sentido.


Olhei a areia, o mar e senti o vento como  me trazendo à tona de um mergulho profundo na qual poderia me sufocar, caso não encontrasse a subida. Sentia-me em regiões abissais, onde reina uma serenidade aparente, pois não me permitia ver em meio à escuridão. Agora, emergindo ainda sinto-me sem ar e com os batimentos cardíacos acelerados. Continuo sob o efeito da súbita elevação. Entretanto, a vida tem um pouco de todos os sentimentos. Chegar até aqui já foi e é uma vitória a partir desse ponto, o que vier realmente já é imenso lucro. E para quem sobrevive a intensas situações sempre haverá o melhor para ser experienciado. 


Agora é chegar à terra firme construir o barco e navegar pelos tantas águas que ainda passarei nesse grande oceano chamado Vida.

Andreia Cunha










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