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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

BIOGRAFIA ONÍRICA



Eu me propus um desafio. Não sei se o cumprirei. Entretanto persisto, tenho como virtude a arte da perseverança na busca de meus objetivos.

Você deve estar um tanto curioso para saber do que especificamente estou falando. Reconheço também a curiosidade como virtude, embora muitos a considerem pelo seu lado negativo. É por intermédio da curiosidade que mantemos nosso espírito em busca das respostas ainda insolúveis.

Quem poderá negar que todas as descobertas partiram de um único pensar com intenções curiosas de desvendar e persistir tentando?

O meu objetivo é à primeira vista insano, mas não me incomodo com pensares, pois tudo o que um dia foi visto como insano repercutiu como grande descoberta, mesmo que desmistificada por outra ainda mais insana até que se comprovassem os fatos com a teoria.

Sem mais rodeios de palavras em espirais confesso minha insanidade.


A biografia de um homem não precisa ser necessariamente contada por suas obras. A biografia de um homem para conter mais proximidade com a verdade deve ser contada por meio de seus sonhos. Não digo dos sonhos conscientes, quando se está agindo no mundo dito real. Eis a dificuldade da tarefa: falar deste homem nas horas em que dorme e reformular seus sonhos como sendo a vida vivida mais que a praticada é o melhor meio de decifrar um ser.

Disse e você que me lê não pode negar do aviso prévio a respeito da profundidade da loucura. Creio, entretanto, no nonsense como arma para decifrar uma alma, mais que seus atos em si. Perguntas-me se teria muito trabalho? Obviamente sim. Teria que buscar o íntimo do íntimo e adentrá-lo muito mais que o próprio biografado.

Sou ser humano e minha audácia não tem limites. Por isso, continuo nessa empreitada doidivana em me colocar entre os Olimpianos e penetrar as camadas mais densas que um humano pode ter. Talvez esteja enganado quanto as camadas serem mais densas (e isso me dou conta agora, nesse momento de escrita). Talvez as camadas mais íntimas sejam as mais sutis e livres das densidades materiais. Mas isso é só suposição. Posso estar completamente enganado.

Na verdade, o sonho é o meu. Eu sonhei este homem, daí o motivo de sentir-me na condição de lhe animar mesmo às avessas: do onírico para o real. As obras humanas podem não ser semelhantes quanto a de tantos outros, porém relatá-lo de modo diferente é buscar sê-lo mesmo não o sendo.

Imagino a confusão que estou causando no leitor. Sei das limitações quando se está no mundo consciente. Mas procure entender: falo do mundo onírico e aqui tudo tem sentido mesmo não o tendo acordado. Sou o sonho sonhado e sou o Eu que me sonho de dentro para fora até ter condições de me nascer numa gestação nada convencional.

Aliás em mim nesse transe nada me é convencional. Sou arbitrário e não me sou completo. Daí minha falta de coerência e completude. Dê-me um rumo afinal. Quero ser além dos padrões da normalidade e dependo da caneta que me cria em palavras. Tire-me do descanso e do sossego. Amo o caos e os diversos momentos da criação. Abra a bolha e esparrame o líquido plasma, me segure pelas mãos e me chame de seu filho. 


Acolha-me pois é isto o que mais anseio. Existir nessa névoa densa chamada realidade.

Encha-me de verdades e me deixe caminhar na luz desses teus 'entres pensares'.

Andreia Cunha










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