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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O GRÁVIDO



Era homem e não sabia como fora fecundado. Um mistério que se prefigurava em sua mente e corpo como aberração da natureza. Sentia seu ventre se contorcendo na formação de um novo ser em si. Jamais iria supor que a natureza o premiaria com caso tão absurdo.

Entretanto, não era um sonho. Estava bem acordado. Era fato e todos podiam ver que algo se avolumava em seu abdômen. Estranho mesmo era se deitar após longo dia de trabalho e sentir os movimentos involuntários do que seria um bebê.

Não pareciam ser chutes e para tentar entender o que vivenciava procurou conversar com as mulheres sobre o assunto. Tudo lhe era tão confuso. Às vezes, o ser parecia girar em sentido horário como se isso fosse um processo de evolução e crescimento.

Surpresa foi declarar isso ao médico e esse aceitar propondo-lhe uma ultrassonografia como meio de comprovar a impossível, mas notória realidade. Nada mais era considerado fora do comum. Se poderia estar gerando, contrariando as leis naturais, tudo seria possível.

Notou-se pelo exame solicitado que gestava numa espécie de útero próximo ao aparelho digestório. Parecia ser uma serpente, mas nada definido pela falta de forma. Nos meses que se seguiram constatou-se que era sim algo semelhante a uma serpente que estava comprimindo seus outros órgãos causando-lhe certas dores.

Como criaria aquilo? Não havia meio de retirar antes do tempo, sua fama não o deixava tomar mais decisões por si só, pois a ciência, os curiosos e todo o segmento midiático esperavam o momento de conjecturar fatos, comentar e noticiar o mais novo bum do momento.

Fatalmente o dia chegou. Por meio de uma cesárea. Era mesmo uma serpente com pele semelhante a humana. A primeira atitude daquele ser ao vir ao mundo foi asfixiar os médicos. Quanto ao papai, o filhote o engoliu e sumiu por entre as frestas do centro cirúrgico.

Conta-se agora que tal serpente gera o que parece ser seu próprio pai. Entretanto, agora as histórias não passam de boatos, pois ninguém  sabe ao certo onde esse ser se esconde.


MISTÉÉÉÉRIO!

Andreia Cunha











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