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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

NO CIRCO ELEIÇÃO



Enquanto o público ri, os palhaços choram em ato cênico com a intenção de comover a plateia que ainda atenta se dispõe a dar-lhes ouvidos.

Mas o choro não é verdadeiro é apenas uma representação convincente para atrair pessoas a seus favores. As mesmas que pagarão os ingressos para assistirem de camarote ao espetáculo mais fantástico da Terra.

O circo virtualmente desarmado, pois ainda não é o momento de levantá-lo, causa aquela sensação de tristeza em espetáculo-dramalhão.

Mas à medida que as máscaras vão se desfazendo com as lágrimas ficam cada vez mais notórias as imagens dos homens que por detrás ali se escondem. Não há nada de engraçado.

Os artistas deixam de ser astros e se transformam em estrelas cadentes – também decadentes pela falta de tudo o que é essencial – incluindo no pacote valores e morais.

Mesmo assim, o espetáculo deve continuar, pois inúmeros serviçais mestres na montagem de palcos e artistas de toda a espécie de preparatório vão tomando conta do cenário ao fundo que aos poucos vai se transformando no que deve ser (como antes igualmente foi e por muitas vezes ainda será): o circo.

Este mostra seus tentáculos e sua cabeça se ergue como um imenso balão sendo preenchido por ar quente. Os ânimos após a montagem da geringonça esquentarão pra valer. Afinal, tudo precisará tomar seu respectivo lugar antes das apresentações.

Embora todos saibam se tratar de números e peças como num ato de teatro, o show não pode nunca parar. Quem fará as vezes serão os filhos dos filhos dos palhaços que fizeram o primeiro show. A passagem é hereditária e o nome faz toda a diferença. É ele quem garante experiência, poderio e marcas registradas de autonomia e liderança.

Após a derrocada das tintas pintadas nas faces, o público percebe que não há meios de se livrar do espetáculo e em fila vai encarar mais uma fabulosa apresentação. Caso contrário sofrerão as consequencias por suas insubordinações.

E os palhaços se mostram mais felizes do que nunca antes foram.

Andreia Cunha











A PEDRA



POSTO O TEXTO DE ANTONIO PEREIRA (APON), POIS SEU CONTEÚDO ME TOCOU PROFUNDAMENTE.
AOS QUE NÃO O CONHECEM EIS AQUI UMA BELA OPORTUNIDADE:

Andreia Cunha

A pedra

O distraído, nela tropeçou,

o bruto a usou como projétil,


o empreendedor, usando-a construiu,


o campônio, cansado da lida,



dela fez assento.

Para os meninos foi brinquedo,


Drummond a poetizou,


Davi matou Golias...


Por fim;


o artista concebeu a mais bela escultura.


Em todos os casos,


a diferença não era a pedra.


Mas o homem.

ANTONIO PEREIRA (APON)









DOAÇÃO URGENTE

TITI


NÃO POSSO MAIS FICAR COM MEUS BEBÊS 
POIS ESTOU DOENTE
TENHO OITO GATOS MARAVILHOSOS

DOCES E AMÁVEIS.
CADA UM COME EM SEU POTINHO
NÃO BRIGAM ENTRE SI
E NEM ESTRANHAM QUANDO TENHO VISITAS
ESTOU ME SENTINDO INÚTIL POR NÃO MAIS 
TÊ-LOS COMO MEUS COMPANHEIROS
POR ISSO, PRECISO ENCONTRAR LARES
DECENTES COM PESSOAS QUE GOSTEM DE ANIMAIS.
POR FAVOR SE ALGUÉM TIVER INTERESSE 
ENTRE EM CONTATO COMIGO VIA E-MAIL:
andreiahc@yahoo.com.br
ABAIXO A FOTO DE CADA UM DELES.

Andreia Cunha

 HADJI 
 HADJI
 AQUILES
 AQUILES
 O CASAL QUILES E VIDA
 TIT E QUILES
 LANINHA
 LANINHA E HADJI
 VIDINHA - SORRINDO
 PERLINHA - FILHA DO QUILES COM A VIDA
LEIA

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A FIDELIDADE DA TRAIÇÃO



Sempre foi fiel a seus princípios. Aprendera isso em sua infância com os pais rígidos em sua educação. Portanto, não adiantava vir com conversinhas sem fundamentos que caso ali estivesse escondida alguma intenção oculta, ele a perceberia e jamais a assinaria caso fosse essa a verdade.

Verdade é que em sua adolescência mostrou certa admiração pela extrema direita politicamente falando, talvez por medo de tudo o que vinha acontecendo  pelo mundo daquele momento. Um ar de guerra e intolerância pairava como nuvem escaldante sob  todos os habitantes do planeta.

Ele, por conta do serviço militar obrigatório, se encantou com a perspectiva da carreira da farda. Seus pais o elogiavam pois aprovavam essa atitude como uma bênção, a glória da nação. Tendo o consentimento familiar, seguiu o curso que tinha idealizado.

Nada foi extremamente fácil, também não, extremamente difícil. Seus princípios eram logo destacados pois mesmo que em detrimento próprio ele não se corrompia. Isso fez com que seu nome chegasse aos mais altos escalões, afinal era de homens assim que o sistema precisava.

Aos poucos e sob olhares ocultos e atentos a seu comportamento foi se achegando ao líder máximo do esquema. Nessa época, os ares de pavor quanto a uma guerra eram mais que eminentes. O mundo respirava a fumaça e derramava o sangue borbulhante em sua terra como água alimentando as plantas.

Devido as suas vocações científicas, seria um comandante dessa área, fazendo pesquisas com seres humanos – as mais absurdas e cruéis já feitas. Entretanto, não contava ver ali uma perspectiva sob outra ótica que não a do estudo e a progressão militar almejada.

Foi pego de surpresa ao se deparar com aqueles olhos verdes brilhantes apesar da magreza e tristeza profundas daquela criança. Algo nela lembrava seu ser, e pelos  olhos que via aquela igualdade latejante e pungente.

Isso o incomodava, pois não conseguia ir além nas pesquisas que deveriam continuar a todo vapor. Uma luz causava todo aquele choque e reconhecimento de si no outro. Tinha de fazer algo, mas agora já não seria para continuar naquilo.

Havia sido cativado nas conversasmesmo monossilábicas  que se permitiu com aquele ser. Teria de salvá-la a qualquer custo, mas isso teria seu preço. Passou a odiar-se pelos pensamentos que tinha e por vezes a odiar também os olhos verdes do menino.

O que o deixava tão vulnerável? Uma vontade de ser pai ou a de se ver na extensão daquela tristeza dilacerante nos olhos do menino?

Não, não poderia ser infiel. Estava ali para uma missão que lhe foi confiada e que lhe custara anos para conquistar – incluindo a confiança dos líderes do sistema.

Adiando cada vez mais o fazer científico, sem perceber demonstrava fraqueza – e esta era um defeito inaceitável para a raça pura que deveria  prevalecer pelo mundo.

Sua convocação era questão de tempo bem como sua dúvida crucial. Deveria ser fiel a seu desejo ou  a sua profissão?

Com um tiro foi exterminado pelo próprio amigo que lhe indicou a tal cargo e confiança. Só teve tempo de dizer:

- Só a traição e os olhos verdes me foram fiéis.

Seu corpo tombava  como árvore quando o segundo tiro alvejou-lhe a cabeça.

Andreia Cunha





segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SU – R /S -TO NO TRÂNSITO



Só ouvi-se a derrapagem. Era um fusca esportivo meio avariado tentando ultrapassar uma moto que indicava seta de virada à esquerda.

O trânsito parecia um rallie pronto para a competição desigual de veículos na pista. Cada semáforo vermelho era a indicação de uma nova partida.

Aceleradores roncantes a medida que o bonequinho piscava entre verde e verrmelho. Tudo isso criava um clima tenso e sufocante de meio de tarde de verão. Não, não era o rush. O ar faltava e o sol queimava os miolos de quem quer que fosse: piloto, mostorista ou mero pedestre.

Mas nada, nada mesmo justificava aquela correria e desejo  de mostrar poder em alta velocidade.

No fatídico momento da derrapada do fusca, seus pensamentos vinham contidos na família e nos filhotes que teria de doar por conta de uma súbita doença que lhe afetara os pulmões.

Antes, uma moto em alucinada aceleração, descabida para uma rua tranquila já denunciava a impaciência de esperar qualquer virada que não fosse a reta que ele tinha se determinado seguir.

O fusca na desembalada sensação também não poderia ficar atrás. Tinha que mostrar os cavalos - potentes pangarés que o mantinham rodando. Foi aí que: só se ouviu a derrapagem em erres agudos gritantes de pneus em máxima freagem.

Num susto, a moto certa, por sua seta ligada, viu-se já no chão estatelada e seus pensamentos interrompidos por aquela competição da qual nem se sabia participante.

Ufa, enfim a derrapada não atingiu a moto que virou bem esgueirada a calçada para não ser atingida pela biga romana enlouquecida com seus rocinantes  em bufaria.

O susto custou-lhe um preço: pernas bambas e tonturas ao parar já no estacionamento de seu prédio. – um surto de pânico semelhante ao do ser que se vê mediante a morte plena sob as rodas de um carro.

O espetáculo romano continuaria na rua, por enquanto para ela que havia acabado de chegar, o descanso seria seu melhor remédio.

Andreia Cunha