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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CONCRETO CORPO


Santo Deus. Cada absurdo que se lê que só chamando Deus para ver se algo acontece.

Em vez de curtirem o corpo que o Criador deu a cada mortal, preferem estéticas que contrapõem a ética de tudo o que é natural.

A moda agora foi o cimento. Falso médico injetava em seus pacientes em vez de silicone, pasmem, cimento. Era peito de cimento, bunda de cimento e lábios de cimento.

Confesso que amo meu corpo do jeito que ele é. Na adolescência passei certos complexos achando que era fora do padrão, com pouco seio, me achando feia e horrorosa.

Tudo cascata. Incutem tanta besteira na cabeça das pessoas em relação a seus corpos que estas acabam virando verdadeiros monstros por conta dessa falsa estética que faz com que muitos acreditem ter o pior corpo do universo em relação a seus semelhantes.

Criaturas Divinas contentem-se com seus corpos. Um dia a terra há de comer toda essa gracinha e o mais importante, que é a aceitação, deve ser trabalhada agora e não modificada, pois dependendo do caso pode ser tarde e pode levar até a morte precoce.

BjUs sem cimento,

Andreia Cunha






UM DOS ENIGMAS DO AMOR


Amo a liberdade, por isso deixo livre tudo que tenho…

Se voltar é por que conquistei, se não voltar é porque nunca possuí!
anônimo



Adolescente, ele resolveu peregrinar pelo mundo a procura de entendimento e também surpresas.

Por que não incluir aventuras nessa empreitada? Seria muito bom voltar, caso fosse esse o seu destino, com uma bagagem repleta de histórias para contar.

Esse pensamento retomava sua mente bem no meio de um vale alaranjado com tons de marrom cercado por montanhas rochosas e sem vegetação que se afunilavam conforme seguia adiante.

Seus passos eram o seu presente e nada melhor que suas pernas em ritmo compassado para marcar o tempo que vivenciava. Chegou já ao anoitecer a um suposto abrigo.

Não podia dizer casa, pois ficava dentro de uma das rochas. Lá habitavam quatro mulheres. Foi bem recepcionado, pois as duas senhoras mais velhas já o aguardavam como resultado de uma profecia de seus ancestrais que com certeza não a deixariam na mão. O cumprimento desta viria nem que fosse com a outra geração.

Ao ver as jovens, da que tinha cabelos pretos e longos se apaixonou. Seu percurso até ali foi recontado e nesse diálogo sentiu-se pronto para repassar o que peregrinou até então.

Havia recebido do pai um amuleto ainda não terminado. Era um símbolo mágico da liberdade e este seria esculpido conforme suas atitudes no mundo. Aquele ato paternal só veio a confirmar-lhe o desejo intenso de sair pelo mundo.

Muitos sinais seriam enviados a ele e isso era outro dos tantos conselhos recebidos pelos sábios de sua localidade. Sua missão era grande e teria de lidar com estranhezas e encontrar a coragem. O que não tardou a acontecer.

A primeira foi ter de entrar na região dos mortos sem luz. Corpos a céu aberto sem as devidas honrarias do ritual da morte. Ali encontrou uma peça de metal com os números 10-27. Julgou ser seu primeiro sinal, por isso somou seus algarismos. Sete mais dois nove mais um dez. Um era sua direção (norte) e zero a incógnita infinita do que representa viver.

Depois foram os lamacentos pântanos da ilusão repletos de cacos de espelhos e vidros. A seguir o vale seco que se fecha caso o peregrino não acerte o passo e vença as mentiras apresentadas como verdades.
Chegar àquele local ao anoitecer era um alívio e uma primeira verdade: havia superado até o momento os desafios.

As jovens o escutavam e a mesma sensação de paixão tomou a moça escolhida pelo jovem aventureiro. Por ela, ele faria tudo.

Entretanto, as senhoras anfitriãs o advertiram de que teria ainda que superar algumas verdades supostamente vencidas para adquirir a paciência – dom supremo dos vencedores. O prêmio para tudo aquilo ainda era um segredo e talvez assim permanecesse até o último dia de sua vida.

No decorrer dos dias, outro jovem apareceu e da outra jovem se apaixonou. Ambos tinham caminhos semelhantes. A missão agora era a de vencer as ansiedades da paixão. De alguma forma um sentimento de competição era colocado em choque.

A atenção das mulheres era um deles. Havia um limite imposto pelas mais velhas de que a aproximação com as jovens só se daria após uma missão a ser seguida, mas esta era enigmática e não seria exposta claramente. O terreno agora era o da incerteza.

Porém Alton Syis, o primeiro, não se conteve. Movido por intenso sentimento, na hora do jantar trocou diversos olhares com a amada e resolveu propor um brinde ao amor que ambos sentiam. Levantou-se e pegou o que seria um vinho e servindo somente aos dois, mediante a recusa dos demais, propôs um brinde.

Ao beberem, o líquido se transformou em algo podre. A moça sumiu e ele num ato em câmera lenta foi sendo petrificado de olhos fechados.

Jáfero Kolt e as demais mulheres ficaram sem ação. Para reverter o ato um disco foi lançado sobre a mesa e agora o enigma seria aos que em redor viviam. A atitude impaciente de Alton colocou-o a mercê da força e inteligência alheias.

Juntamente com o disco um mapa entre símbolos, desenhos e números. O que deveria ser alinhado na colocação daquele disco sobre o mapa? Números com números, símbolos com números e palavras?

As chances não eram infinitas, portanto qualquer tentativa fora dos limites da razão pensada seria um desperdício. Jáfero Kolt que antes sentia o mesmo ar de competição resolveu aliar-se ao mesmo pensamento de ajuda. Afinal poderia ser ele a ter caído na tentação.

O que se notou após a brilhante idéia de Jáfero era a de que o disco não se encaixava plenamente quando se tratava de misturar os sinais expostos no mapa. Ou eram símbolos, ou eram palavras, ou eram números.

Uma suposição já direcionava a uma possível solução. Dentre as mulheres, alguém se lembrou de suas aventuras e que um dos símbolos encontrados tinha números: o 10-27. E que tais números um dia serviram para direcioná-lo para onde hoje se encontrava.

Enquanto isso, Alton vagava na terra de pedras, perdido, desorientado sabia que tinha se precipitado na paixão e que por fim se deixou controlar por tal sentimento. Suplicava perdão e misericórdia, pois não havia entendido que apesar dos vales e provas ainda não havia conquistado a paciência. Sua prisão no mundo das pedras era o momento de conquistar duramente o que antes havia por excitação havia ignorado.

Não conseguia chorar e a cada momento andar era mais complicado, visto que estava se solidificando naquele lugar. Um medo intenso o tomava e todo seu passado vinha como relâmpago iluminando o céu daquele local. Seu olhar se direcionava para cima. Um dos poucos movimentos que ainda possuía.
No mundo externo, a decisão tomada foi a de cercar os números com o disco e ver o que aconteceria. Na hora em que o disco se aproximou dos números, ambos se tornaram um só corpo.

Estes se intensificaram e ganharam sinais e se alteraram nos valores. Algo deveria ser calculado. A seqüência era: na parte superior 14 – 30, em linha paralela 20 e 30 e abaixo na altura do – 30 o número 23.

Os cálculos direcionavam como resultado 11. O místico onze que mostrava cada um em seu mundo e que antes deveria ser um único 2. Alton e a amada agora estavam distantes cada um em seu mundo paralelo. Deveriam ser dois, mas por impaciência não mais seriam...

O disco consumiu o mapa em labaredas giratórias de fogo, a moça reapareceu. Alton permanecia entre os dois mundos e travava um diálogo com um ser superior.

Desejas voltar? (...) Terás que duramente encarar uma condição. (...) A de ser apenas o amuleto da liberdade. Estás sendo moldado tal como a pedra que teu pai deste ao sair pelo mundo. Tu te transformaste nela pela desobediência e arrogância. (...) Aceito seu perdão, mas para tudo há um preço. Cada ato tem sua conseqüência. (...) Ou aceitas essa a que te proponho ou terás que ver tua amada em pedra eternamente. (...) Quanto a ti? Terás que ainda aprender um pouco mais nessa condição. Aceitas? (...)

Teria de dar valor ao tempo, teria enfim de aprender na dureza o que por amor lhe estava sendo dado.
A impaciência só colabora para afastar o que próximo está e não percebemos por inaptidão para as vitórias ainda obscurecidas pela nossa ansiedade.

Andreia Cunha







segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O BANHO CORRETIVO DE BASTIEN.


CADA VEZ MAIS ME ESPANTO COM A ATITUDE DE CERTOS SERES 
QUE SE DIZEM HUMANOS. ONDE ESTÁ A HUMANIDADE, MEU DEUS!

ANDREIA CUNHA

Um pai e uma mãe devem proceder com rigor quando o filho não obedece às regras estipuladas. Era assim que o casal pensava em relação à educação dos filhos.

Qualquer mau comportamento deveria ser banido tal como a sujeira da casa. Diziam que a atitude ruim era “caca” e faziam o pequeno garoto lavar as mãos toda vez que saísse das normas.

O problema não estava nisso, mas no que era bom ou ruim, isto é, nos preceitos dos pais. Ambos responsáveis não tinham paciência em lidar com desobediências por isso, a disciplina era militar.

O garoto de nome Bastien não podia nem chorar caso tivesse dor. Deveria ser calado na marra, pois era falta de educação, coisa de gente manhosa.

Um dia, o garoto, que desde os dois já ia para a escola, resolveu chorar e demonstrando certa ponta de revolta por não poder se expressar enquanto criança, fez xixi na calça justo na hora de ir embora, quando a professora já tinha trocado a última fralda que havia em seu material.

Ao chegar em casa, o pai percebeu que estava todo molhado e não pensou duas vezes quando percebeu que era o xixi do menino.

- Menino, você está muito mal educado, já não te disse que isso é ‘caca’! que não se deve fazer xixi na calça e ainda mais chorar! Vou te botar já na máquina de lavar... Feio!

E lá se foi o pai. Ajustou a máquina para uma limpeza profunda, daquelas que o menino jamais cometeria tal erro novamente. Botou o menino dentro e pôs a máquina para funcionar.

Ambos, pai e mãe resolveram o problema do mau comportamento. Entretanto, hoje o pequeno Bastien é apenas um boneco de feltro que a mãe resolveu fazer para substituir o filho verdadeiro. Este que não resistiu a dura lavagem de seus erros tão infantis.

Andreia Cunha

A MIM NHECER



A densa profundidade de meu ser agora vivencia uma inesperada subida na busca de uma nova vida.

Sinto-me adentrar muitos universos e ao mesmo tempo não pertencer a nenhum deles especificamente. Sou volátil e quando penso estar inserida num ambiente já me vejo às voltas de outro que traz um renovo do pensar e do viver.

Até que ponto isso é bom?  Sinceramente não sei explicar. Deixar-se preparada para as novidades pode ser uma atitude positiva por não estagnar a mente, mas pode causar ansiedade na tomada de decisões devido à volatilidade com que tudo acontece no interior.

Sinto que estou num contexto decisivo que me trará muitos renovos e igualmente ansiosa pela possibilidade de vivenciar meus medos antes nunca tão remexidos. Se é um tanto da idade juntamente com a maturidade? Talvez...

Talvez na vida da gente chegue uma fase em que os medos precisam ser vencidos, superados, em que portas e janelas precisam ser desvendadas para deixar o sol adentrar o ambiente úmido e resguardado pelo período de inverno.

Sinto-me primaverecendo e até ouço os pássaros anunciando o nascer desse novo eu que quer amanhecer, num novo modo de ver, viver e sentir.

Simplesmente ir...

Andreia Cunha