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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

AMANHECER-SE




Não serei a carranca a olhar-me do passado na construção de um futuro que estou para plantar. Essa semente merece cuidado, carinho e, por isso, o melhor de minha aparição.

O que fica do passado é aquilo que eu mesmo optei por meio da memória escolher. Não há motivo para ‘ser-me’ o pior do que um dia sem querer pude fazer. Sou aprendizado pelo tempo, mobilizado pelas vontades, evolução em ebulição e movimento.

Comovo-me no hoje e com o hoje remexendo na terra do presente que me fruirá em possibilidade de um novo amanhã-ser.

É no amanhecer que o brilho de um novo dia me traz a luz dos sentidos perceber mais que dos olhos abertos sem antes ver.

andreiACunha





quinta-feira, 29 de novembro de 2012

AB-USOS E SUB-USOS INESSENCIAIS



É preciso cavar para mostrar como as coisas foram historicamente contingentes, por tal ou qual razão inteligíveis, mas não necessárias. É preciso fazer aparecer o inteligível sob o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo?
Michel Foucault



O homem não sabe mais lidar com ela. Aliás acho que nunca soube. Como subterfúgio sempre é mais fácil culpar o outro a vivê-la em toda a sua graça e plenitude. Mas o que é plenitude senão uma palavra antes de ser uma ideia abstrata ou um modo de vida juntamente com esse ela?

Persisto em não a nomear e chama-la por intermédio de pronomes enigmáticos. É sempre melhor prevenir para o que não há como remediar. Podes me acusar de medo, mas a troco de que cultivaria o receio se por acaso sou apenas a mera imaginação da autora na figura de narradora?

Para evitar fadigas declará-la-ei, mas apenas no momento em que me convier, pois apesar de não ter vida no real mundo tenho vontades próprias e desejos o que me faz tão humana quanto você aí que me lê e tenta me decifrar nessas letras.

Esse ela guarda toda a essência da maturidade, os adolescentes a almejam de maneira desregrada deixando-a com a cara da rebeldia, da ousadia envolta nos mantos da coragem. Mera figura decorativa que aos poucos amainará sua força, pois afinal ela não precisa da violência. 
Compreensão lhe basta e bom uso de seus ideiais.

Questiona-me sobre o remediar? Ok. Digo que se suas doses forem desregradas como as citadas pelo modo adolescente ela pode causar danos irreversíveis e muitos já perderam a vida por conta desse ab-uso, diria um sub-uso tosco e mal interpretado.

Outros agem de má-fé querendo ludibriar com manjares doando a custo zero barganhas pelo precioso ela que nela contém. Afinal, não é todos os dias que é possível lidar com alguém que usufrui de liberdade para se ser sem necessariamente se iludir com os teres e veres alheios.

É ela. Eu a disse e talvez nem a percebeste. Entendo, é o costume de passar pelas letras sem repará-las pro-fundamente. Muitos não se dão conta de que atingi-la requer sobretudo negar o que para outros seria uma prisão contida no não da recusa do fácil aceitar.

Nem todo não é inessencial. Alguns nãos são essenciais. Pedem maturidade de escolhas, reconhecimento de limites, crescimento em conhecimentos  e aceitação da opinião alheia.
Entendamos: Toda liberdade plena passa pelos crivos de um não em algum momento.

andreiACunha






A NATA DA COBERTURA





Era porteiro de um prédio há mais de 50 anos, quando anunciaram que em breve estaria aposentado e teria de deixar o pequeno espaço que ocupava no térreo daquele imenso edifício.

Ficou estarrecido, estático, vago e mudo perante o anúncio de sopetão logo pela manhã. O que faria? O que lhe restaria a não ser a rua após tantos anos de intensa dedicação? Impecavelmente entregava as correspondências, anunciava os recados, cumpria com suas obrigações e além do mais ali estava sua vida social: conhecia os então vizinhos, tinha feito amizades... Afinal, 50 anos é uma vida!

E agora, mediante uma pessoa responsável pela questão administrativa do condomínio, recebia a notícia da moça que sorria como se aquilo para ele fosse um prêmio: APOSENTADORIA!!!
Para ele, aposentadoria. Não se sentia nem trabalhando. Sentia-se um morador especial, diferente, um pai do prédio.

Naquele mesmo dia, entristecido, voltou para casa e não disse nada a mulher. O emudecimento era sua arma perante as dores e os problemas quando estes o afetavam com mais intensidade.
No dia seguinte, logo pela manhã, começou a retirar alguns pertences. A esposa, conhecedora de seu humor, não questionou, apenas via e esperava o tempo dele se abrir.

Pegou o elevador de serviço e abalou-se para além da cobertura. Era lá que desentulhava seus pertences. Fez bem umas 15 viagens dessas, quando um amigo morador começou a perceber:
- Seu Rinovildo, o que o Senhor está fazendo?

- Ah, meu amigo Esmeraldo, apenas uma pequena mudancinha.

E foi lá mesmo que se estabeleceu com a esposa intitulando-o como novo lar.
Meio que tomado por uma insanidade a qual poucos tinham coragem de questionar, ele lá se fixou, fez seu puxadinho e o chamou de DESCOBERTURA.

Pois foi na descobertura que lhe assistiu morar até o fim de sua vida.

andreiACunha











terça-feira, 27 de novembro de 2012

O GRITO DO ARAPONGA



SIGNIFICADO DO NOME ARAPONGA - SUA MARCA NO MUNDO!

OUSADIA,ESPÍRITO COMPETITIVO,INDEPENDÊNCIA,FORÇA DE VONTADE,ORIGINALIDADE


Independente e dinâmico são características de um líder, e é desta forma que é visto. É necessário à pessoa desta personalidade agir com tato, diplomacia e paciência, evitando de ser vista como egoísta ou autoritária. Com frequência é procurada para assumir projetos e empreendimentos pois sua autoconfiança e facilidade em enfrentar os obstáculos são qualidades notórias, e as pessoas acreditam na sua eficiencia em tomar conta das situações. É o tipo de pessoa que não se deixa afetar quando existe oposição à suas idéias ou ações. Por agir com equilibrio sempre tem o apoio dos que o seguem e acreditam na sua liderança. Para alcançar a vibração positiva que emana do número 1 é preciso concentrar-se em atingir seu objetivo, coisa que costuma fazer com muita originalidade. Personalidades deste número são rapidamente notados pois conquistam facilmente a todos e costumam ser o centro das atenções.
http://www.significado.origem.nom.br/nomes/araponga.htm


Chamava-se Araponga e, como o acima colocado, sua personalidade condizia (ao contrário de muitos outros seres) com o espírito forte de seu nome.

 Desde criança um líder de primeira. Confundiam-no com Ipiranga seu outro irmão mais novo. Afinal, nomes indígenas e parecidos só podia mesmo resultar em confusão.

Fato é que não gostava, mas até aí nada que o tirasse do sério. Quando cresceu, logo queria independência para manter sua vida. Sentia-se pássaro livre e pronto para voar. Concluiu: trabalharia na empresa do pai que também já tinha sido do avô e do bisavô e do pai do bisavô e do avô do bisavô por muitas gerações...

Sua fortaleza era empreender os negócios da família – o que não era fácil mesmo com algumas boas venturas. Essa era a tão sonhada liberdade que almejava. Estudar, somente o necessário para aprender a lidar com as bravatas engravatadas em reuniões que teria de lidar.

E quanto a isso aprendeu bem e rápido. Quando um impasse se assomava, ele tratava logo de subtraí-lo a sua reles insignificância. Era com um olhar detonador que dominava os cavalos selvagens e ávidos por relinchismos e coicerias. Do alto de seu puro-sangue retirado do fundo da sala em estábulo que ele empunhando reluzente espada gritava:

- EM DEPENDÊNCIA ETERNA, OU MORTE AGORA!!!!!!!

Ninguém em sã consciência ousaria contrariar o jovem rapaz excêntrico sempre a portas fechadas com guardas a seu redor. Era com amistosa saudação que todos respondiam com sorrisos meigos e dentes muito brancos.

- AAAAAAAAAAAAAA-mém!!!!!!!

andreiACunha









segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CAMINHA CAMINHA






O caminho de todo dia não era apenas o caminho de todos os dias. Era também a rotina vivida. A vida em rotina. Parece tudo igual, pareço repetir a ‘iguaria’. Mas não. Cada frase tem seu sentido e era no banho e na mente que tudo se desenhava em imagens e palavras como sendo a verdade de seu mundo...

Os tais caminhos, as tais escolhas e como deveria ou não proceder dali pra frente mediante os últimos acontecimentos. Estava angustiada e era no box com água quente em dia frio apesar da proximidade com o verão que ela prefigurava alguns conceitos: aqueles que queria e outros as quais deveria reconsiderar para se seguir vivendo.

A vida não era receita de bolo com a massa pronta apenas sendo receptiva para os líquidos e o fermento. Os caminhos, os percalços eram muito mais complexos que um texto instrucional. O trabalho, a família, os sonhos, os desejos, os também pesadelos que a atormentavam em medo eram os ingredientes que deveriam ser manipulados e ficavam ali apenas na mesa de sua mente em escorreres de água e sabonete que lhe limpavam a pele.

Teria de logo dormir. O dia seguinte com seus caminhos a esperavam com algumas poucas alterações. Isso a incomodava: rotinas.  Dizia: são apenas rotinhas tensas que nos impomos a cumprir como meio de dizer: trabalho, faço, produzo e portanto, mereço recompensa financeira.

Tudo tão banal... Lavava o rosto e os ouvidos ensurdeceram pela água adentrando mais que as orelhas. Isso não a impedia da lucidez auditiva do que de si pra si falava e ouvia. Sentia-se confusa, pois ao mesmo tempo em que as ideias vinham como meio de escrita também não queria abandonar o banho quente e aconchegante. Pensou: até vocês palavras não me deixam descansar?

Era um bolo que se fazia. Conclui que a massa era ela. Não se ateve aos outros pequenos detalhes. No entanto, a massa já estava descoberta sendo aguada em banho-maria-mulher ativa no pensar e sentir.

Tinha ainda muito a aprender nesse processo caminhar. Era na cama que deveria pensar esquecer e dormir. Enfim, caminha caminha. Pega a tua cama e anda.

andreiACunha