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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CONTO-METALINGUAGEM




Chovia horrores dentro de si... Uma tempestade com raios trovões e vento muito vento... Fora, o tempo estava ensolarado num queimar de sol para turista nenhum botar defeito... Queria desvencilhar-se de seus pensamentos nebulosos... Planejando o que fazer naquele dia para se anestesiar daquela angústia de alma... Sair para belos lugares... Altos de preferência...


Que tal subir a Ilha? Havia uma trilha secreta na qual poderia deitar-se sobre as pedras... Mas o horto também lhe era uma nova possibilidade... Lá havia alturas para subir e apreciar a pequenez humana em seu tamanho micro de formigas que pensam ser gigantes num constante movimento circular...


Achou engraçada a comparação com formigas em caminhos circulares... Pois minutos atrás vira mesmo uma porção dessas circulando pela pia em volta de uma embalagem de chocolate, mais precisamente um bombom... Provavelmente, buscavam o último resquício do doce da qual o cheiro era maravilhoso...

Sentia-se também uma formiga dentre tantas outras, mas de uma forma diferente às que eram somente operárias... Ela almejava algo maior na sua existência ínfima no Universo maior que circundava a todos... 



 Na verdade, queria apenas um espaço para ser e somente ser o que pensava... Nadar contra a maré era algo difícil, mas compensador no final... Assim esperava, pelo menos...

Decidiu por escrever... Sentou-se em frente ao pc e abriu o Word para expor as idéias e ter facilidade para apaga-las... Diferentemente de um caderno, na qual escreveria... Talvez se arrependesse e teria de rabiscar...


Para isso, servia a modernidade... Poderia facilmente apagar tudo o que escrevera, caso não fosse aquilo que desejasse... Mas a idéia estava ali, juntamente com sua dor e seu prazer de existir mesmo que de uma forma dolorosa e dolorida... Iniciou com uma afirmação impossível e improvável na língua portuguesa... Mas isso representava todo o seu ser...


O medo queria toma-la por estar numa tentativa de escrever algo que saísse além de seu eu mítico e que ressaltasse uma verdade enxergada por ela... Teve medo das palavras... Mediu-as com precisão de régua em seus centímetros e milímetros...


Para não correr riscos mesmo que inexistentes... Expressou seus medos, aflições e também alegrias... Sim, todos a possuem... Escrever era uma delas... Aliviava-se da dor da falta de aceitação de suas idéias e ideais...


Queria mesmo desvincular-se dos pensamentos.
Escreveria sem medo...


Assim, se colocaria com mais precisão de seus desejos perante o mundo e também de suas expectativas até para clareza de seu próprio eu... O “si mesma” que estava meio confuso pelo sentimento de escrever claramente ou manter-se no anonimato, na obscuridade de se colocar miticamente no papel... Era crucial e não sabia se estava preparada... Enfim, saiu da primeira linha e começou a divagar sobre lugares onde poderia ir, sobre velharias, mas nada sobre o que queria...


Ainda estava verde a idéia...Não tinha amadurecido para o mundo para expô-la de uma maneira que ainda não lhe doesse tanto...


Precisaria de tempo... Não saberia o quanto, mas as horas seriam amigas necessárias para ajuda-la nesta terrível exposição de idéias vivas, latejantes no corpo e na alma... Por enquanto, só lhe restava divagar... Nada mais saia que não fossem meras palavras circulares que apenas rondavam o problema...


Talvez as palavras fossem as formigas rondando o papel do bombom já degustado... Faltava ainda digerir para poder
expeli-lo...


Enquanto isso, ficaria a espera da resposta em telefonema que aconteceu no meio de sua narrativa...
Um meio de sair e aplacar a tempestade furiosa que em si atormentava o juízo...
Paciência era o dom que lhe faltava para enfim, amadurecer no corpo e na alma... Teria de esperar mesmo que a contragosto, pois apesar das horas voarem em alguns casos... Para outros, as horas pareciam tartarugas lentíssimas... Mais do que o costume habitual... Fechou o Word... Não salvou nada do que escrevera e saiu para a vida espaireceria as idéias até o momento certo... Momento certo sei lá do que... FOI...

Andreia Cunha










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