Powered By Blogger

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DAS RECEITAS QUE VIVENCIAMOS





Das receitas que vivenciamos
Nunca fui de moldes ou fôrmas e igualmente sempre desconfiei de textos instrucionais como as famosas receitas. A vida não é como um bolo na qual se prepara uma massa com diversos ingredientes, bota-se no forno e espera assar.
Viver é tão imprevisível que se fôssemos considerar mesmo como um bolo acho que daria mais uma torta "entortada" nem sempre muito agradável de comer. A cada dia temos diversos tipos de humores ou estados de espíritos e nada é medido em colheres exatas ou xícaras para compor uma uniformidade.
Se assim fosse, teríamos mecanismos para viver sem tantas oscilações. Mas bem sabemos que os dias não são quadradinhos, enformados com quantidades específicas de fermento, açúcar e farinha. Tem horas que desanda e as dosagens representam apenas convenções.
Gostaria de mudar muitas coisas nesses meus últimos dias, porém muito do que gostaria de fazer está além do meu mero alcance. As mãos são curtas, as pernas ineficientes e a vontade não é compartilhada. Em outros momentos, o que se pode fazer é muito pouco para as necessidades da qual o outro precisa. É uma sensação de inabilidade para se mover numa direção favorável. Tenho a sensação de que o melhor é ficar imóvel. Entretanto, sou inquieta e quero andar, seguir em frente.
Determinar qual é a frente pode ser um grande problema quando não se tem uma direção fixa como sendo um norte. E nesse caso, bússolas não funcionam, pois meu norte é diferente do norte do outro. Difícil é encarar os apegos que se tornam desapegos forçados.
De alguma maneira, sinto um impulso invisível que me move. Por isso, talvez me sinta mais como uma folha ao vento do que o próprio vento com seu curso definido.
Não me arrependo de uma única situação vivida embora precise nesse momento de uma ressignificação pautada na calma e na degustação lenta. Sei que faço parte daqueles que vivem a pressa e a volatilidade do tempo. Confesso minha ansiedade em entender e desejar uma solução como num passe de mágica ou estalo de dedos.
No entanto, terei que aprender mais sobre o divino dom da paciência e como numa massa só que não a do bolo, construir uma casa segura com tijolos fortes que possa servir de abrigo e também possa ser carregada comigo como a leveza do pensamento para me proporcionar conforto onde quer que eu me perca nas estradas que seguem essa via.


Andreia Cunha














Nenhum comentário:

Postar um comentário