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terça-feira, 27 de setembro de 2011

REVOLUÇÃO



A pena por suas irreverentes obras a favor da liberdade era a de ser impedida de dormir. Retirar os pés da rudeza e sonhar era humanamente impossível com o nível de torturas que vinha sofrendo. Água gelada no rosto, sacudidas e safanões, choques e cócegas, tudo o que de mais cruel alguém poderia fazer com o outro.

Sua mente já estava fenecendo e se entregando à loucura quando, por fim, entregou-se ao pó que também formara seus algozes. Inerte seu corpo judiado decidira pelo fim do sofrimento desigual. Lutara até o último momento e seria lembrada por isso, pois os que a acompanhavam na dor e na angústia, não deixariam passar em brancas nuvens fato tão insano.

Aos insurgentes nada restava a não ser cultuar a morte de seus entes e desfazer as células de comando. Tudo terminara e parecia ter se esvaído com tamanha injustiça.

Aos que ficavam, um gosto amargo. Aos vitoriosos o gosto de sangue nos dentes e na língua sedenta por mais e mais sangue. Cobiça insaciável dos vampiros em círculos festejantes pela roda do poder que circulava de mão em mão como troféu a ser exibido, coagindo os lutantes caídos pelos heróis da glória momentânea.

Tolos os que acreditam somente na força do poder mundano. Mesmo com o corpo caído e morto não se pode retirar a luz que um dia nele brilhou. Os sonhos não morrem, renascem mais vivos e fortes, belos e nobres dos que um dia ousaram tentar.

Andreia Cunha









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