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terça-feira, 6 de setembro de 2011

A FIGURA DO HERÓI NUM MUNDO BINÁRIO



Fácil é perguntarmos por que precisamos das figuras de heróis. Esta questão não é atual e muito menos se encerrará com este simples post. A discussão é ampla e digna de estudo de diversos ramos de pesquisa.

Uma possibilidade da origem dessa imagem advém, sobretudo, da figura paterna, pois enquanto crianças tendemos na idealização do pai como o Supra Sumo a qual nenhum outro pode destituir. Há a junção do ser com todos os valores aos quais almejamos para nós mesmos quando formos adultos.

Na sociedade percebe-se que o processo é semelhante. Reconhecemos o herói como aquele que abarca qualidades capazes de causar admiração e sentimentos nobres por causas aparentemente perdidas ou de difícil solução e, sobretudo, que tragam benefício senão a todos pelo menos ao grupo discriminado por outros que agem por meio da força e da violência.

Nisso temos os heróis reais, pessoas que lutaram em suas vidas em nome de justiça social e igualdades para todos, tais como Mandela, Martin Luther King, Mahatma Gandhi, sem contar os tantos anônimos que não sabemos os nomes e ficam restritos a um determinado momento ou espaço de onde ocorre o fato (rua, bairro, cidade). E temos também os fictícios representados pelas figuras de Histórias em Quadrinhos, desenhos animados com mega poderes e capacidades extraordinárias.

Nesse universo de heróis, sejam estes reais ou imaginários, há a tendência de dicotomização do mundo entre os bons x os maus, os mocinhos x os bandidos, Bem x Mal e por aí vai. Vive-se a ‘binariedade’ das situações infantilizando nossos pensamentos dividindo-os basicamente em zeros e uns num jogo entre partidas predeterminadas a quem vencerá e quem perderá.

O problema maior é quando tal dicotomia ultrapassa os limites da ficção e transpõe para o real expresso nas diferentes áreas do saber humano, sejam estes: político, econômico, social, científico, etc. A natureza dos debates (se é que se pode chamar de debate um posicionamento tão curto em visões binárias) fica restrito à esquerda X direita, pobres X ricos, quem pode X quem não pode, $$$ X falta dele, religião X ciência e novamente o etc para não prolongar as tantas possibilidades X outras tantas que não cessam de aparecer.

Não digo que a problemática parte do pensamento expresso na figura do herói, este é só um tema na qual o homem vem dividindo preguiçosamente por dois para ‘facilitar’ ou simplesmente reduzir os questionamentos que deveriam ser analisados em níveis muito mais profundos e complexos. Mas não se pode negar que boa parte das obras ficcionais televisivas (principalmente) colaboram para essa bipolaridade ingênua que muito colabora para essa pequenez de discussão dos problemas humanos.

Creio, e aqui exponho minha opinião oferecendo minha cara a tapa, que o que mais precisamos é da coragem em admitir um novo meio de pensar que quebre essa corrente bipolar de analisar, mesmo que isto custe à princípio um desequilíbrio devido ao novo que nos arejará a mente para um modo mais crítico de alcançar soluções as quais não atingiremos nessa superficialidade dual de compreensão.

Andreia Cunha











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