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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ERA UMA VEZ EROS...



Instigante é a mitologia grega em todos os sentidos. Hoje me deparei com a segunda versão sobre o nascimento de Eros. Por desconhecê-la, tornou-se surpresa para mim, entretanto não tenho vergonha em confessar minha ignorância quanto a esta versão tão pouco difundida.

Tudo ocorreu numa festa em homenagem ao nascimento de Afrodite, deusa da Beleza. Póros, deus representante da riqueza e do expediente, embebedou-se, afinal tudo para ele tem que ser em abundância e, caído num canto dos jardins divinos, foi interpelado por Pênia, deusa da Penúria que sempre mendicante procura obter algo para seu sustento. Esta se aproveitando da embriaguez daquele que representa seu oposto e, louca para ter um filho, não se fez de rogada e deitou-se com Póros, gerando então Eros, figurinha central dessa história cheia de controvérsias.

Justamente por ser filho de figuras tão distintas, Eros possui em si a carência da mãe, que se afigura num vazio que precisa ser preenchido e ao mesmo tempo uma plenitude de sentido quando ocupado em criar conflitos repassando sentimentos capazes de produzir as mais profundas paixões. 

Sua condição também é conhecida por ‘demônio’, mas não no sentido pejorativo de Diabo e sim como um ser intermediário entre os mundos dos Deuses e dos homens. Tornou-se mais adiante servente de Afrodite por ter sido concebido na festa do nascimento da Deusa.

Por sua natureza ambígua e com pais tão opostos em sentidos; nada mais natural que vagueie entre os dois mundos: o conflituoso dos deuses repletos de vícios e o humano, somente brinquedos nas mãos dos poderosos imortais ociosos.

Nesta versão, Eros não é um menino belo que atrai por sua angelical figura. Ele se apessoa na forma de um mendigo como a mãe, tem gênio intratável e está longe de ser uma figura dotada de beleza, entretanto tem o caráter corajoso e impulsivo do pai, que quando se vê em situação complicada arranja meios de se safar nem que seja por intermédio de magias.

Ao contrário das outras divindades, ele não possui em si a sabedoria e também não foi agraciado com uma figura gentil. Esta falta de meio termo em condição de vida o torna um profundo buscador do conhecimento como modo de se sentir belo e acolhido.

Creio que todos carregamos em nós um lado erótico (tanto no sentido mitológico, quanto no sentido sexual), pois igualmente temos por companhia a ignorância desde o nascimento.  Quanto à beleza, esta nós a procuramos no outro (ou em seu exterior - o corpo, o físico ou de forma mais aprimorada e amadurecida como a beleza interior além das aparências) para suprir nossas carências em definir sentimento tão capcioso em mistérios e sentidos como o é o Amor.

Seríamos pequenos Eros refletidos nos espelhos dos Deuses a qual nos submete as ilusões do mendicante e verdadeiro Eros para oras nos atormentar com total falta de sentido e por vezes nos encher de regozijo com a embriaguez que nos proporciona o vinho da paixão?

Andreia Cunha











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