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sábado, 17 de setembro de 2011

A INTERPRETAÇÃO DO MUNDO À PALAVRA E VICE-VERSA




Caso o homem não tivesse criado a palavra como entendimento do mundo e de tudo o que nele há, nesse momento, minha escrita seria um emaranhado de símbolos sem significado algum. Estaríamos no caos dos sem-sentidos não-sentidos.

A convenção da palavra como representação do mundo inclui basicamente a interpretação e a compreensão de nosso universo e de como o percebemos e somos influenciados por ele. Há um jogo de representações entre o Ser e o Sentir quando nos utilizamos delas para julgarmos e selecionarmos o que venha ser nossa realidade.

Não tomemos interpretar e compreender apenas como meros sinônimos. Mais do que isso, as palavras acima citadas são complementares e repletas de significados mágicos. Partirei da etimologia para expor meu ponto de vista:

Interpretar vem do latim interpretatio, do verbo interpretare que também leva à palavra intérprete, pessoa que se coloca entre duas outras línguas para, conhecendo ambas traduzir suas palavras aos interlocutores. Poeticamente diria que é estar entre pedras. E quais seriam essas pedras dentro de um texto? Oras, nada mais nada menos que as próprias palavras. Sendo as palavras, nesse universo mágico, as pedras, posso tratá-las sob dois aspectos: ou serão pedras de tropeço, de empecilho caso eu as tome como difíceis ou intransponíveis ou caso eu seja um desbravador destemido, posso metamorfoseá-las em pedras preciosas que me conduzirão a um âmbito maior de entendimento. 

Eis que surge a bela Compreensão que etimologicamente significa tomar posse com, assenhorar-se de. Na medida em que passo pelas pedras, seleciono as que me são preciosas (também chamadas de palavras-chave, geralmente substantivos e verbos) e tomo conhecimento de seu assunto, sem dúvidas estarei tomando posse de seu conteúdo: assenhorar-me-ei de seu contexto trazendo-o para minha vida.
E pasmem, texto em sua origem significa tecido: tecido de palavras. Portanto, poeticamente somos garimpeiros, tecelões, artistas e arteiros da arte de nos comunicar por meio das palavras.

Tanto no momento da leitura quanto no momento da escrita de um texto somos participantes dessa criação que colabora para a transformação de nossos seres. Afinal, mediante o assunto formaremos um conceito, uma opinião pessoal, a qual nos colocará não mais como inocentes do que antes não sabíamos.

São esses os momentos mágicos nas quais a leitura pode nos proporcionar lapidando a pedra bruta de ignorância que somos e nos transformando em pedras preciosas conforme nos propomos à humildade da condição de nada sabedores na busca pelo conhecimento – importante para nossa evolução.

Andreia Cunha













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