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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ORIGEM DA ORIGINALIDADE




O mais tolo de todos os erros é
quando uma boa cabeça jovem
crê perder a sua originalidade
ao dar-se conta de uma verdade
 que já fora descoberta por outros.
Johann Goethe

À primeira vista, parece um título estupidamente redundante. Aliás, onde já se viu tentar explicar as origens da originalidade? Entretanto, podemos contar quantas foram as vezes que nos pegamos pensando no que realmente significa uma palavra sem necessariamente consultarmos um dicionário como fonte única de respostas.

A originalidade de um texto, de um gesto, de uma atitude guarda em si muito da fonte de onde surgiu, isto é, da elaboração personalizada de quem produziu aquele ato.

Nesse caso, originalidade está intrinsecamente atrelada ao ser criador de tal gesto capaz de chamar a atenção para algo antes não percebido. E nesse ponto, entra a questão: originalidade não depende de fatores externos, pois é verdadeiramente no interior do ser pronto para recebê-la que ela nasce e se reproduz em palavras, arte e obra até alcançar seu ápice em criação aguçando os sentidos alheios para nova ótica. Daí sua origem ser o Eu que o formou, o pensou e o idealizou.

É neste Eu que se abre para a liberdade de pensamento e foge do lugar comum, dos clichês, das fórmulas pré-fabricadas e percebe com seus sentidos aguçados outra perspectiva de análise do que até então ninguém ou poucos ousaram adentrar como fonte de pesquisa, que a originalidade se instala.

Esta exige uma observação aguçada sempre atenta e perplexa com relação ao que para a maioria é só e somente o comum, o corriqueiro, o cotidiano. O contrário da originalidade é o estereótipo, que como uma prisão tolhe o pensamento de alçar vôos nos mares da novidade, repetindo constantemente o que antes já foi dito. O caráter de novidade em estereótipos não existe, e o gosto é o do trivial, insosso e insípido.

Portanto, para sermos um pouquinho do que seja original temos que dar brechas para que nosso Eu aflore e mostre o quanto de personalidade temos de nós em nós mesmos. Não estou defendendo a extravagância como recurso de originalidade, o que digo é não termos medo de expor nossas opiniões como se com isso houvesse sempre um algoz com chicotes prontos para nos bater a cada palavra que pudéssemos nos expor. 


Tal medo infelizmente existe e é insano quando nos tolhe de sermos seres livres na criação que por vezes pensamos, mas não idealizamos por termos como aliado sentimentos paralisantes que carregamos em nossas costas.

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Clarice Lispector

Andreia Cunha












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