Powered By Blogger

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

VIVO OU MORTO?



É preciso um sinal no tempo presente para que ele acredite em suas expectativas. A recepção dessa mensagem dos deuses fosse a que sentido fosse, seria uma bênção a ser comemorada. Esperava que a visão lhe fosse gentil na concessão desse esperado desejo. Afinal, ver é sempre mais fácil do que somente ouvir. Nesse ponto, era semelhante ao apóstolo Tomé. Ver pra crer.

Entretanto, quem era ele para determinar de que maneira poderia ser atendido pelo Eu Superior? Já estava sendo inoportuno por demais em pedir algo extraordinário. Haveria de esperar pela resposta no prazo ao qual estipulara com seu deus interior. Caso não viesse, provavelmente praguejaria sobre si mesmo por acreditar em sua dualidade divina. Se fosse o contrário, diria ter sido atendido por esse mesmo deus a qual agora punha em xeque, apesar da intensa fé no impossível.

Era preciso cultivar no agora sonhos por meio das percepções as quais lhe foram dadas quando nascera. Afinal não existe outro tempo a não ser o próprio presente. O presente-passado também chamado de memória, o presente-futuro, expectativas e o presente-presente vivido obviamente pelos sentidos humanos.

Queria confiar que o passado que cultivava em sua mente, apenas mentia sobre tudo o que já experienciara. Nisso havia o temor de se repetir. Ter memória é um alívio- pensava consigo mesmo como forma de driblar a insegurança. Por isso, as expectativas eram imensas e recobertas pela adrenalina da espera.

O corpo cansado e aflito esperava o tempo passar nas observâncias dos minutos tiquetaqueando sua dor e também prazer na anestesia da espera. Ele era todo relógio e tempo cronológico e psicológico. Mesclara-se com o abstrato temporal, no imenso temporal meteorológico que lhe turbava a mente.

O tempo passava vagarosamente... Até que nos minutos finais, uma surpresa se assomou no próprio tempo. Este parou. Mas não só num relógio ou celular. Entendam-me: o tempo parou de vez. E lá está o pobre ele (personagem desta história) congelado à espera que o tempo resolva acabar com a brincadeira de Vivo ou Morto.

Andreia Cunha










Nenhum comentário:

Postar um comentário