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domingo, 2 de outubro de 2011

NARRADOR CONSCIENTE



Inicio este texto com uma assertiva desconexa. Mas não uso essa primeira frase como meio de me justificar perante meus leitores. Na verdade o que quero mesmo é não fazer sentido, causar estranheza e adentrar o universo abominável da loucura, temida por tantos humanos que já a vivenciam sem saber que nela e dela não se escapa, apenas se vive, reconhece aceita-a ou a nega veementemente até a morte.

Aliás, é sobre a morte mesmo que quero discorrer. Digo e afirmo: ela não existe. Sim disse o que é o desconexo contido no primeiro parágrafo. Quer reafirmação. A morte não existe. Ela é uma mera ilusão do fenecimento dessa matéria carnal que nos compõe, apesar dela quando tudo deve fatalmente retornar a seu mundo de origem: água para água, terra para terra e assim por diante, há uma extensão ou um prolongamento do eu no plano mental.

Olha eu adentrando os mistérios novamente. E o pior afirmando e reafirmando o que não tenho a menor partícula de certeza. Quem sou para pôr minha mão no fogo sobre um assunto tão complexo e abordado por tantas áreas.

Mas como tantos se sentem no direito de afirmar, reafirmar e certificar para outros abarcando tanta multidão em seguidores, por que este narrador que vos escreve não pode se dar ao luxo e ao mesmo tempo o lixo de escrever sandices?

Para uns serão sandices totais, completas e absolutas, para outros nem tanto e para alguns este texto estará repleto de verdades mesmo que ditas de uma maneira pouco convencional: o narrador se expondo como figura  centralizadora da verdade.

Acho que me escondi na exposição em primeira pessoa, talvez devesse me expor na imagem de um outro onisciente  e ser apenas um personagem dessa falácia toda que estou revirando e regurgitando no estômago desse texto.

Mas eis que entra a questão mais importante do que meras afirmações pautadas na certeza incerta da existência como um todo. E se de repente tudo o que digo  for realmente verdade? Usei termos como luxo e lixo, loucura e sandice para expor minha idéia sobre a morte.

E ainda não me aprofundei no quesito primordial: Eu nem sei se existo além desse estômago textual retorcido e em movimento tentando digerir tudo o que disse em sucos gástricos separatórios do que pode ou não ser proveitoso para meu sustento? Meu sustento sim, pois só existo enquanto houver letras que expressem essa mensagem.


 Depois disso, retorno a inexistência abstrata que se apossará de outro em forma de inspiração para ganhar nova vida.

Essa é a vida de um narrador que tem ciência da morte como ilusão em eternos renascimentos em diversos movimentos que compõe textos do começo ao fim com pontos finais ou como nesse caso com suspensas reticências...

Andreia Cunha










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