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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PALAVRA E REALIDADE



Foi pega de surpresa por um sentimento arrebatador. Diria ser paixão, entretanto não acreditava que pudesse estar sendo enganada pelas teias do destino. Era forte, intenso e o contraditório estava em não ser pautado nas ilusões. Sabia de todas as dificuldades e isso a assustava, e talvez por isso mesmo estivesse disposta a encarar tudo.

Sua alma era desbravadora e não se deixava fixar nos medos paralisantes. Preferia encará-los e suplantá-los com a vontade de ir além. O medo era o de não encarar seus medos. Isso a conduzia por um caminho interessante. Conhecia o que a atemorizava e ainda assim lançava-se neles. O preço por essa atitude era a de estar sempre como em corda bamba ou sentir-se elástico esticado ao máximo por encarar o que de mais perigoso seus sentidos lhe apresentavam.

Não poderia denominar paixão, pois não se considerava cega. Aliás, considerava ver por descrer do que via e manter sempre a dúvida como parâmetro de análise. Também não achava seu método como único tentando convencer os demais de sua linha de pesquisa da realidade. A realidade poderia muito bem nem existir.

E caso a realidade nem existisse, sua escrita poderia muito bem ser apenas letras desconexas lançadas adiante a outros que também leriam e teriam a falsa noção da realidade por ter uma língua como meio de comunicação. Talvez fosse mesmo paixão e estivesse tentando se iludir com palavras suas e estas sim desconexas formavam a sua realidade tão complexa quanto sua existência para o mundo.

Ah, a vida é realmente um negócio perigoso. Mas só se vive plenamente vivendo e se deixando viver.

Andreia Cunha










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