Powered By Blogger

domingo, 9 de outubro de 2011

O BARULHO, O BAGULHO





Aprendi o silêncio com os faladores, 
a tolerância com os intolerantes, 
a bondade com os maldosos; 
e, por estranho que pareça, 
sou grato a esses professores.


Pois o silêncio não tem fisionomia, 
mas as palavras muitas faces...
Machado de Assis


Será que estamos nos tornando pessoas cada vez mais surdas, que aos berros pensam falar e o outro, ouvir e entender, seja na rua, nas salas de aula, ao celular, no almoço ou no jantar ou em qualquer lugar?

O que se percebe é um surto de berros em meio a ruídos como comunicação eficiente, eficaz e moderna.

Ninguém ouve, ninguém se entende e para fugir da loucura, uma parte se enclausura em fones de ouvidos como ilhas isoladas para a compreensão de si e do mundo.

Caso alguém fale, surge como resposta: 

- Hã? Que foi? Não ouvi, repete.

Um incômodo que o retira do sossego de sua vida em decibéis alienantes.
Ensurdecidos ensandecidos em barulhos comprados e compridos, dormimos para a reflexão do universo interior.

Nos robotizamos falando sozinhos pelas ruas repetindo papagatoriamente o que nos falam aos ouvidos: seja música, seja notícia. Parecemos zumbis, zunindo em casulos protetores de nós mesmos.

Um pouco de silêncio se faz necessário, pois o silêncio nos humaniza. Entretanto muitos têm medo por ver nele uma prefiguração de seus terrores íntimos bem como da morte em pessoa.

É aprendendo a ouvir nosso silêncio que descobrimos quem verdadeiramente somos e o que temos como essência dentro de nós.




"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
Clarice Lispector





Andreia Cunha









Nenhum comentário:

Postar um comentário