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terça-feira, 4 de outubro de 2011

ENGATINHAR - ENGATILHAR




O único momento em que pareço ter sentido é na hora da escrita. Ainda assim sou enigma a ser montado e igualmente desmontado. Por vezes, sou hermética em meu mundo interior repleto de imagens feitas de água que se concretizam em palavras na qual tento me compreender.

Desdobro-me em muitas eus de mim mesma e fico sem saber qual delas realmente permanece na maior parte do tempo como a mais fixa de todas as rodopiantes que pairam sobre este ser que se afigura e chamo mim.

A busca por entendimento (e este se faz necessário de tempos em tempos ) me deixa sem chão e quando percebo já estou caindo novamente tentando o reerguer nas sílabas nevegantes lançadas ao mar em ressignificações desse multiverso que borbulha dentro deste corpo.

A carne está viva, arde e tenta criar cascas como proteção para não mais se machucar nas quedas. Isso tudo parece em vão, pois é nesse movimento que se faz o crescimento e o cair e levantar faz parte do processo do autoconhecimento.

Sentimo-nos todas despreparadas para a vida. Doer não é uma necessidade. Mas isso acontece por falta de tato em lidar com todos os processos. Sinto-me em meus desdobramentos engatinhar enquanto outros engatilham suas armas por sobrevivência.

Encaro a guerra de peito aberto e nu a espera de um milagre em meio ao tiroteio do descaso na qual escapo viva não sei como. Talvez este seja o milagre não ter armas e ainda assim continuar. Mas esta carne viva que me dói diz que algo precisa ser feito e as tantas que de mim existem clamam por socorro pela falta de uma liderança entre as demais.

Não há lógica em ser uma e muitas a um só tempo. Me navego sem remos só puxando a água com as mãos esperando não afundar no profundo oceano sem letras que para mim e as muitas nós seria a morte em vida.

Andreia Cunha








2 comentários:

  1. Querida Andréia,
    Me fascina a forma como une as palavras, é como jazz, parece um improviso constante mas com acordes de pura criatividade e técnica.
    Não te sinto tão dispersa em si mesma, é conflitante a descrição com a lucidez do texto, porém quem vive na carne, quem sente é quem sabe o que realmente se passa no vulcão interior.
    Beijos ternos e cada vez mais admirados!

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  2. Caro amigo,
    Fico feliz em saber que proporciono a vc essa reflexão por meio das palavras, assim como qdo vejo as imagens em seu blog. É todo esse borbulhar que toca no meu ser, gostei da comparação com o tom de improviso que tem o jazz. Realmente as palavras brotam, fervilham e consequentemente borbulham desse vesúvio que creio ter dentro de mim. BjUs de sua admiradora.

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