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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

QUEBRA-CABEÇA DE AREIA



Cavoucou-se, cavouquei-me, desmanchei-me nas areias do tempo que unidas me formavam. De repente, meus braços com pá e picareta desmontavam o ser que antes eu era. Comecei-me pela cabeça e todo o meio. Os braços firmes se sustentavam como se outro corpo os mantivesse fortes.

Não sabia o meio para reversão da des-obra da obra que me era. Todo o processo de construção desmoronava como pó amontoado ali no chão. Enquanto, não sei como, ainda me pensava mesmo no não me sendo mais inteira.

Pode o pó desunido continuar sendo um corpo que pensa e vive? As mãos não cessavam de desconstruir a humana criatura. Quando só restaram braços, um para o outro se virou e começou a desintegração. Até que só mãos uma a outra consumiu.

E nesse amontoado de areia, minha voz tenta entender como se forma com o verbo criador.

As palavras não ajudam e creio que nem devem ajudar pois quem perde a unidade tem a seu dispor todas as letras misturadas que desenformadas devem se reencontrar para novamente formar seu nato sentido. Quebra-cabeça de areia.

Andreia Cunha












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