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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ASSOVIO LENTO NO VENTO ESCURO



Um assovio no vento escuro. Isso bastou para a criatividade fluir em seu corpo deitado e voltado para a sombra da imaginação.

Uma sensação de noite ao ler essa frase se assomou de sua mente até seus pés, agora galgantes na terra úmida do local ainda desconhecido a qual estava.

Inocente dizer que sabia mediante o escuro que lhe colocava no meio daquele cenário. Bem que poderia ser de uma história de terror, mistério ou suspense, tudo dependia da mente e dos correres dos dedos segurantes da caneta veloz.

Ah! Os ciprestes ao vento... Um cemitério! Seria óbvio demais, embora pudesse até sentir o clima romântico da natureza fria e sombria ‘enrodando’ em si. Era em si que a noite existia. Fechava os olhos e ela anoitecia na imagem impregnada de sons...

Como pode o vento ser escuro? Como pode ter cor o que apenas perpassa o ambiente que lhe é caminho?

Nenhuma terra é mais fértil do que a que regamos com palavras sementes de árvores envolventes no plano do significado.

A garota ali estava, ali ficou como personagem estática perante o mundo interior que lhe pertencia. Um cheiro de musgo com ozônio enquanto o assovio de repente ressurgia como meio de lhe dizer que algo precisava acontecer.

Mas ela não se movia. Não o fazia por medo. Medo do vento, medo do escuro e sobretudo de quem produzia o som que ecoava pelos ares escuros. Era o ser que para dentro se escondia o que mais temia. Sentia-se menininha a mercê das vicissitudes de uma floresta viva e noturna.

O cheiro do vento lhe fala perigo e instigava cautela e o não se mover passava ar de segurança. Exposta era e também estava na mesma posição sem ao menos se esconder.

Um gosto de dor misturado a vontade sumiço a faziam presa fácil. Parecia hipnotizada pelo veneno que lhe adentrara as veias por meio do ouvido. Ante o som do assovio, nenhum tambor primitivo ou clássico violino poderia desfazer o efeito.

Estava nela a noite, o vento e os sons obscuros. Amanhecer dependia dela. Única e exclusivamente dela no seu ela que lhe anestesiava os sentidos por medo.

Ela? Assovio lento no vento escuro.

Andreia Cunha








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