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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

NARRATIVA-ENTREVISTA PSICOPATA



... "E por fim, eis que todos morreram daquele mal que assolou o povoado."

Esta narrativa começa com a morte. Sim... A Morte de todos os personagens.

Todos morreram. Eu, enquanto narrador e, portanto, criador abusei de meu poder e confinei todos os meus personagens àquilo que nenhum ser vivo escapa. Por isso, por que deveria libertar meus seres dessa bênção relativa à fenecência do corpo a qual temporariamente habitamos e a ele pertencemos?
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Se eram pessoas? Não somente seres imaginários? Respondo que dentre alguns havia os que viveram sob a capa da realidade da existência nesse plano carnal; outros, meros frutos de uma mente fértil.Inegável mesmo é dizer: todos vivenciaram e também sofreram suas dores, seus amores, angústias e alegrias.
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Afinal, que história contaria eu se as emoções – primeiras convidadas para a festa – não comparecessem? Elas são o Alfa e o Ômega do enredo.
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Definir as personagens, como eram? Você se refere à descrição física ou algo mais profundo? 
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Do jeito que me apraz? Digo: eram seres como nós aqui conversando, tendo suas necessidades em todos os sentidos. Entretanto, o que mais me destacou foi um psicopata.

Este me deu trabalho. Não esboçava sentimentos e seu silêncio resguardava algo que nem minha onisciência podia atingir. Ele me era conflitante e também revelador em sua frieza marmórea.

Dentro dele, um universo rico a qual não pude desatarraxar. Absurdo, mas isso me deixava confuso. Seus atos é que me causavam sentimentos, me revelavam em minha fraqueza de narrador.

Conversei com leitores que também se viram inquietos com o psicopata. Creio que tenha sido um dos maiores desafios de minha vida narrativa. Havia desdobramentos em cascata do psicopata nos demais seres que não se ajustavam com a mente daquele ser que era ao mesmo tempo tão meu quanto dos leitores com repúdio e desprezo por seus atos.

Víamos nele a prefiguração do mal que igualmente nos assiste em residência fixa nesse templo corpo em cuja alma está presente por mera sujeição divina.

Enfim, apesar da morte do psicopata personagem creio que ele ainda vive forte pulsando nos corações dos que passam os olhos, mas não leem, ouvem, mas não escutam, tocam, mas não sentem e por aí vai, em relação a todos os sentidos presentes nesses corpos ainda humano mesmo que personagem, leitor ou simplesmente narrador.

Andreia Cunha






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