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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A COISA COISIFICADA




Atual e infelizmente, a maioria de nós se constituí numa sociedade de trabalho alienada e alienante, pois nos deixamos mutilar vivendo nesse mundo de consumo desenfreado e não nos damos conta de que os verdadeiramente consumidos não são os produtos, mas sobretudo nós mesmos na ânsia do cada vez mais possuir.

Queremos consumir imagens de produtos perfeitos: veículos, alimentos, imóveis, vestimentas por puro status que a olhos alheios e igualmente sedentos tornam-se cobiçosos criando fetiches e mal-estares sociais.

Vivemos sob o disfarce do ter para se ser. Mas ser o que? Apenas alguém considerável perante a sociedade? A crueldade impera visto que depois de supostamente se possuir o objeto de desejo, outro virá demolindo o sonho de consumo anterior. Meros pinos de boliche aguardando a recolocação enquanto outra bola é preparada.

Deixamo-nos virar coisas. Quem tem é peixe grande, deve ser valorizado; quem não tem, peixe pequeno, um nada.

A maior parte do nosso tempo livre é dedicado ao ter ou querer ter. Nisso coisificamos também a vida e o que nos é de necessidade real. O querer ter anestesia o corpo para o que é o simplesmente ser, deforma-o dos inocentes sonhos – aqueles que não se fazem com dinheiro, mas que humanizam o ser em humano.

As rédeas controladoras sugam nosso sangue e ainda nos incutem o que é modismo a ser obtido para sermos rotulados pós-modernos. Caso contrário, quem não se ajusta deve pairar no limbo da obsolescência e portanto desprezado.

O homem coisifica não só seu corpo, mas sua mente e também alma. Ser culto é estar por dentro das coisas coisificadas sempre maniuladas por quem determina o que é arte, cultura e entretenimento. Novamente, os desajustados são os excluídos sociais – aliás, preconceito mais forte do que o racial, religioso, sexual e por aí afora...

Onde está nosso poder de decisão e reflexão sobre o mundo que nos cerca?

Tenho por mim que a coragem vestida dos sentidos escondeu-se embaixo da cama com medo de perder a “suposta magia” de um mundo sonhado por outro se possuir, mais que o próprio ser que pelo jeito nunca chegaremos realmente a vislumbrar.

Pobres homens os que se iludem com o deter o algo-matéria-coisa.

Andreia Cunha










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