Powered By Blogger

domingo, 17 de julho de 2011

SOBRE AS ÁGUAS ESTAGNADAS QUE EXISTEM EM NÓS.






Adoro o poema de Camões que fala sobre as Mudanças. Ei-lo para depois expor o assunto:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.



P.S. Sobre a palavra soía - como se mudava antes. Ou seja, até a mudança muda
Somos todos passíveis de mudanças e por vezes nossas decisões de outrora ficam perdidas e vagas nos momentos que se sucedem. Incorremos no erro de fazer promessas e não as cumprirmos ou talvez nos arrependermos de tê-las feito e ter de retornar no que se disse. Há também os mais resistentes que mesmo que queiram mudar, não o fazem por ter empenhado sua palavra.
Com essa última atitude, contribuímos para a não fluidez do ciclo das águas que em nós existe como renovação da vida. Com isso também nos mantemos inertes na palavra, como num ato de fidelidade conosco mesmos, contudo incorrendo no risco de estragarmos belos momentos que nossa atitude nos impede pela teimosia em não retroceder.
Somos nós que criamos as palavras, não devemos portanto ser escravos das mesmas. Se erramos temos condições de recomeçar e refazer, não que com isso apaguemos o passado, ele não deixa de existir na linha do tempo. Embora sejamos nós que alimentemos essa linha que aos poucos se desfaz de acordo com nossa vontade. A memória é que seleciona o que de melhor ou pior podemos guardar e reviver.
Daí a diversidade de pessoas, umas mais ligadas ao passado positivo e menos ao negativo e vice-versa. Somos nós que com nossa memória seletiva recortamos os pedaços que ainda não se desfizeram para guardarmos em pequenos baús o que tanto nos interessa.
A vida é um vago piscar de olhos se considerarmos do ponto de vista dos minutos cósmicos. Somos infinitamente ínfimos mesmo porque segundo a ciência, o universo continua se expandindo.
Mudar determinadas ações que podem colaborar para unir pessoas e não afastá-las é a suprema lição de vida que podemos tirar desse imenso titã que nos consome que na mitologia se chama Khronos e para nós da atualidade se denomina de TEMPO.
Se pudermos passar pelo mundo deixando o melhor de nossa essência sem tanta rigidez nos conceitos, tendo maior maleabilidade tanto melhor será para nossa saúde mental, física e espiritual.

ANDREIA CUNHA










Nenhum comentário:

Postar um comentário