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quinta-feira, 28 de julho de 2011

O PERDÃO RESSIGNIFICADO - partindo de Valéry Larboud





Há uma frase do poeta/escritor Valéry Larboud que condiz com o pensamento que procurei expor em forma de texto abaixo.

"Julgamos perdoar, mas isso não passa de fraqueza."
 Valéry Larboud


O perdão verdadeiro pertence a Deus. Quem sou eu para conceder ato que compete juízo ainda mais em posição de superioridade?
Não sou juiz em relação a meu semelhante e nem de hierarquia divina para condenar ou liberar alguém de uma pena.
Posso e devo sim RESSIGNIFICAR, RE-ver tudo o que se passou e perceber sob a ótica da igualdade que posso cometer atos semelhantes ou piores.

Achava estranho quando ouvia alguém pedir perdão e o outro conceder e depois de certo tempo tudo voltar a guerra de antes e os males, como cadáveres, serem ressuscitados e assombrarem os "brigantes" como fantasmas. Zumbis serem revividos para atormentar a paz aparentemente mantida por um falso perdão concedido mas não compreendido.

O mesmo digo do desculpar. Quem sou eu para tirar uma culpa de alguém? Mesmo que o conceda em palavras, não tenho poderes de adentrar o âmago do outro a ponto de tirar-lhe o sentimento que tanto o incomoda. Isso só o tempo pode aliviar juntamente com as atitudes que comprovarão se realmente há verdade em ambos que passaram tal vivência.

Posso COM-PRRENDER (tomar posse junto com o outro) (d)as atitudes no contexto em que foram criadas pois também sou humano e partilho dessas dores. Sou igualmente composto da matéria que formou a todos, os mesmos elementos que ardem unidos e nos animam para a vida presente.Sinto que dessa maneira, não me colocando numa condição de superioridade, estou tentando fazer o que considero melhor: sinto-me em PAZ.

Sendo ciente de que todos sem exceção temos a semente do mal arraigada na carne - terra que nos molda - e não negá-la, estou conhecendo mais desse eu que sou. Confesso e sempre confessarei minhas imperfeições, minha assimetria e os tantos indefiníveis fractais que existem em nós e que a ciência ainda não encontrou (e pelo jeito não se sentirá saciada) como sendo a fórmula exata da origem da criação.

Sendo cada um de nós uma incógnita, nada mais natural  nos considerarmos um ENIGMA a ser desvendado. Eis a ânsia por conhecimento que como água pode saciar nossa sede. Creio e digo dessa forma pois sou apenas curiosa nas ciências tal como a mágica Física que estuda a essência do NADA -  tão indefinível quanto o ZERO na matemática.

Ao mesmo tempo em que estes (nada e zero) são importantes nas ciências, há muito de abstração a qual não estamos preparados para entender nem em um nível menor como o que preenche o homem (microcosmo) quanto mais no que se refere ao infinito universo (macrocosmo). Portanto se nada sei do nada que me anima como posso tentar preencher esse vazio tão vital do outro com ideias falsas de perdão não concedidos ou não desejados de verdade se estamos sempre revivendo e nos remontando nesses nadas que temos como vital?

Portanto, conceder um perdão sem a devida ressignificação é o mesmo que se sentir na condição de Criador, usurpando algo que não nos compete e não nos pertence. Ao ofensor, primeiramente, a concessão deve ser dada de si para si como meio de apreender e aprender mais sobre a vida e ao ofendido, não ter motivo para se sentir doador de algo que não está verdadeiramente dentro de si, pois ambos são tão iguais e capazes de atos semelhantes ou piores aos que já foram cometidos anteriormente.

Andreia Cunha

















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