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domingo, 31 de julho de 2011

POR QUE PRECISAMOS DOS DEUSES?



O que seriam dos deuses se nós, humanos, não os criássemos? Sendo estes como figuras mitológicas que nos amam ou odeiam e conosco têm filhos ou como um ser superior hierárquico assentado em um trono de nuvens, somos nós que os vivificamos em imagens ou símbolos com nossa mais pura necessidade de apreensão e entendimento do mundo. Repito novamente a pergunta expandindo-a em significação: o que seriam dos deuses se por um acaso tudo seguisse o padrão da moralidade e da retidão? Não haveria necessidade de religião com normas ou regras, pois seria inútil criar leis para aquilo que não nos incomoda ou gera conflitos.

Entretanto, somos seres atormentados e complexos, desestabilizados e insuficientes para dar sentido ao universo sem a criação de algo que extrapole o senso racional. A racionalidade é dura demais para ser vivenciada cruamente sem uma explicação sobrenatural.

Nós nos somos insuficientes na compreensão do mundo que nos cerca, precisamos ardentemente de mitos, lendas e figuras heróicas que sustentem o universo dicotomizado entre céu X inferno, claro X escuro, bem X mal, etc para justificarmos a moral, a ética e até mesmo o senso de justiça as quais os homens tentam exercer mesmo que às cegas de juízos errôneos. Necessitamos nos mover nesse terreno mesmo que em círculos a qual denominamos evolução. E aí ficam diversas questões entre elas: será que toda a evolução se move para o supremo bem pregado nas mais antigas (e novas) religiões? O que seria então o BEM e o que seria o MAL além da moral religiosa?

Não creio em unicidade de respostas e sinceramente descreio da linearidade de curso da História. Vejo na oscilação das vertentes uma forma mais próxima a uma verdade do que necessariamente uma linha plana. Presenciamos no cotidiano, situações que por vezes nos remetem ao mais puro espírito medieval, nas barbáries ainda hoje cometidas em pleno século XXI, tais como líderes incitarem a guerra e o derramamento de sangue bem como louvarem o dinheiro num ato de egoísmo e egocentrismo puros.Tudo em nome de deuses criados pelas mãos e mentes humanas. Igualmente vemos os avanços tecnológicos e o nascimento de uma consciência ecológica mediante as intempéries da natureza que descontrolada mostra seu descontentamento com os mortais também com justificativas divinas.

Nossa liberdade de escolha se move pautada em conceitos estabelecidos por critérios morais e/ou éticos, mas até que ponto tal moralidade ou tal ética estão ou não vinculados ao medo do desconhecido pregado pelas religiões e seus deuses esmagadores? Ou até que ponto delegamos o comando da dança do absurdo de nossa existência à figura que julgará nossas tantas atitudes?

Portanto, é muito mais fácil criarmos seres superiores que se preocupam com essa ínfima raça que é menor que um grão de areia na infinitude do cosmos do que assumirmos nossas inseguranças e atitudes como sendo nossas e sem sentido perante a incógnita das perguntas essenciais: quem somos? de onde viemos? e para onde vamos?

Difícil seria uma verdade como a expressa nessa frase de Horkheimer: “Somos uma raça de exilados, abandonados à própria má sorte, na qual ninguém ‘cuida’ de nós.”

ANDREIA CUNHA















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