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terça-feira, 1 de maio de 2012

O GATO DA VEZ




Chamava-se Aliniê e adorava os felinos. Como não podia ter tigres, pois morava em uma cidade e também num espaço pequeno, resolveu adotar os gatos como seus animais de estimação. Cada qual foi chegando a seu tempo e conquistando um espaço na moradia e no coração da dona sempre disposta a recebê-los. De modo que ficou com quatro crianças.

Os nomes é que eram peculiares e chamavam a atenção dos curiosos de plantão que oras ou iam visitá-la ou sabiam de sua natureza criativa. Andava numa fase meio bamba das pernas financeiras e justamente por isso, os nomes viriam para quem saber reverter esse tormento que a deixava preocupada.

O primeiro chamava-se Dólar – era o mais velho, um macho garboso no estilo Frajola, parecia sempre estar vestido de fraque pronto para uma cerimônia. O segundo chamava-se Euro – era todo branco com olhos cada um de uma cor. Ultimamente andava meio temperamental. O terceiro era o Real, não tinha raça definida e também porque surgiu assim como que do nada e veio para ficar. Estaria mais para Surreal, mas não queria quebrar a sequencia de nomes. O último era o Yuan, o mais novo felino promissor em relação aos demais por seu vigor e vontade de sempre chamar os outros para suas brincadeiras.

Aliniê estava cercada de grandes amigos e pelos nomes jamais voltaria a ficar em situação monetária calamitosa. Ela procurava se informar do mercado financeiro e cada vez que sabia das notícias acariciava o gato da vez.

- Qual a moeda mais promissora do momento?

 Ela se perguntava e para confirmar ligava a TV no canal apropriado para ter a resposta o mais rápido possível. Quando a obtinha, pegava o gato da vez e o acariciava mais que os outros.

Ultimamente, o pobre Euro andava triste e esquecido lá no canto. Enciumado, não entendia porque de tempos em tempos uns recebiam carinhos mais que os outros. Ele, apesar de felino independente, gostava de um afago de vez em quando. Ele via os outros deitarem e rolarem mediante as carícias da dona e não lhe sobrava nem um tiquinho.

Amuado e triste já não queria comer. Quando Aliniê o percebeu naquele estado, o coitado estava magro, taciturno e doente. Sentiu-se culpada, o pior dos seres. Como pôde abdicar de seu menino por conta dos nomes atrelados a situação financeira?

Amava-o e percebeu que tinha sido injustamente humana com o Euro que em nada tinha culpa de seu estado financeiro calamitoso como ela mesma denominava. Levou o Euro ao veterinário, gastou uma boa grana para recuperá-lo, voltou a estaca zero no quesito $ no entanto havia um contentamento: teria seu Euro de volta e jamais faria o que havia feito anteriormente.

O dinheiro viria não por conta do gato da vez, mas, sobretudo por seus comportamentos e atitudes referentes em como haveria de lidar com seu mundo monetário – aquele que ela tanto não queria remexer.

Andreia Cunha






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