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domingo, 5 de fevereiro de 2012

O FÚTIL ÚTIL E INÚTIL







Não consigo entender a glorificação do fútil nos tempos atuais. Notícias tão estúpidas sendo aclamadas como o boom do momento. O fútil, cada vez mais, ganha ares de utilidade cultural na medida em que ‘burrifica’ ainda mais as mulas que carregam o sistema em seus lombos.

Entretanto, muitos detentores da bufunfa, meio pelo qual os transformam em polinizadores do sistema, estão aderindo à imbecilidade massacrante como entretenimento principal de suas vidas. O estilo big brother se espalha com diversos outros nomes e ganham mais adeptos telespectadores, inclusive na vida real.

Eis o objetivo: mumificar e engessar para o crescimento enquanto pessoas utilizando também a indústria cultural que prega o que é ‘fashion’ e o que está em voga no meio social dos que tem grana a gastar, o que se consome como programas, propagandas e culturas mais refinadas.

O mesmo acontece com o que se come, com o que se bebe. Dizer que nunca esteve na lanchonete mais divulgada do momento é caracterizá-lo ao mundo dos jecas, caipiras, pobres e outros tantos apelidos gentis. Para se viver dentro dos padrões, é necessário se ajustar aos nomes e produtos ‘da hora’.

Isso o transforma num ser adequado aos estilos ditos pós-modernos. O pior é perceber que o ‘comprimento’ da lei é inversamente proporcional ao ‘comprimento’ de sua conta bancária. A lei existe em seus 100% de extensão se você tiver uma continha bancária ínfima, bem como o oposto é totalmente válido.

O fútil se torna útil como modo de inserção e ajuste na sociedade. Cada um tem que pertencer a uma tribo. Caso contrário, você é um enjeitado destribalizado que deve ser desprezado e condenado a sua insignificância.

Hoje, todos os tipos de preconceito estão arraigados a um só nome: o preconceito social. Religiosidade, sexualidade, gênero, raças e afins caem nesse preconceito-chave que determina sua condição perante o mundo que o cerca.

O valor de quem se é está atrelado aos poderes aquisitivos e as aparências de quem consegue iludir mais seja de que modo for. Educação? É besteira... Pra quê se você pode mostrar seu corpo, sua beleza momentânea ou seu estilo enquadrado e encaixotado por todo tipo de padrão perante os outros?

Leituras críticas só dão dores de cabeça, estimulam o cérebro com futilidades que causam principalmente consciência e despertar da alma. A alegria do jogo é o que interessa. Para o resto? Não há pressa.

Creio agora entender o que no início desse texto disse não entender: quanto mais fútil e inútil a criatura conseguir ser mais útil ele será para o sistema que mantém o circo dos horrores funcionando.

Andreia Cunha





Um comentário:

  1. O culto da idiotice é milenar, a raça humana sempre se comportou coletivamente como material orgânico usado para alimentar a futilidade.

    A diferença é que agora somos mais numerosos e muito mais fáceis de sermos programados, a televisão e a internet são ferramentas perfeitas para atingir a este propósito.

    A ignorância chegou ao seu auge, alunos saem tão sem cultura como chegaram nas escolas, retornam para seus lares ao encontro de pais que rebolam ao som do funk embalados pela fumaça do crack. Uma legião de seres sem filosofia, sem amor ao próximo ou a si mesmo ignoram o básico exigido para uma vida com um pouco de dignidade.

    Minha amada Andréia, a perplexidade diante de condições tão deploráveis não é uma exclusividade nossa, sei que pessoas como nós embora não sejam numerosas, são como sementes que deixarão uma perspectiva mais nobre e mais bela de vida, aos que virão.

    Te amo pelo que é e pelo que inspira outros a ser.

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