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sábado, 11 de fevereiro de 2012

HOMENAGEM AO REI PERETUTU DA TUTULÂNDIA



Este texto é uma demonstração de todo meu ‘afeto’ (leia-se repúdio) aos que abusam de seu poder para fazerem valer o máximo ‘comprimento’ da lei aos que se julgam por algum motivo inferiores ou incapacitados devido ao preconceito social.


Peretutu se julga rei  de Tutulândia e se sente no direito de multar quem quer que seja por qualquer motivo. 

- Respirou? Tem que pagar. Não pagou? Multa!!!!

Certo dia, Peretutu do alto de seu trono ambulante, uma base móvel, avistou um veículo sob duas rodas. Nele estavam duas mulheres alinhadas para um encontro mensal com o Dr Guilbér.

Peretutu não sabia desse encontro. Como ele sendo rei da Tutulândia não sabia disso? Mandou que parassem o veículo sob esquema de forte truculência.

Com armas em punho, gritaram os soldados para as senhoritas que assustadas se dispuseram ao comando real.

Peretutu, do alto de seu trono privado e vestido com roupas intensamente coloridas, embora houvesse determinado como seu legítimo uniforme, ficou imensamente feliz com o feito em punir duas mulheres que por talvez desconhecerem as regras de seu reino estavam agora sob suas mãos.

Seu humor estava ótimo, mas para demonstrar austeridade e controle da situação fechou  o olhar e montou um bico descomunal e horripilante. 

- Manda multá! Aqui é assim: trabalho é trabalho e linha é linha quem não se dispuser tem que pagar o preço pra ver.

As pobres moças antes contentes, pois quase não saíam por medo do mundo obscuro fora das muralhas do lar, foram pegas em suas simplicidades o que por si só já é grave delito segundo a constituição da Tutulândia.

- Os documentos?... Eu disse: os documentos, Senhoras?

(...)

Hunf. Tudo em dia.

O rei Peretutu somente com um giro de mão mandou que dessem uma volta ao redor do veículo.

- Ahhh! A placa. O lacre é abóbora e hoje está proibido o uso dessa cor. Fora isso esse parafuso aqui está espanado.

Do alto do trono um berro se ouviu:

- MUUUUUUUUUUUUUUUUUULLLLTA. Multa e guincho. Onde já se viu. Primeiro não comunicam os ouvidores reais sobre a tal consulta, que nem sabemos se é verdade. Depois o lacre abóbora.

- Mas...

Uma delas tentou argumentar.

- Mas, o quê? Sem perdão. Vai encarar um poder supremo em todo o seu exercício real do sagrado trabalho? E tem mais. Guardas! Anotem: multa gravíiiiiiisssima. Pilotar com a viseira levantada.

- Mas, eu não estou pilotando agora.
- Xuuuu! Ca-laaaa-da. Sem mais desse mas, mas.

Nisso, outros tantos veículos de duas rodas se acumulavam no cruzamento devido ao abuso do poder do trabalho real.

Naquele dia, o rei trabalhou muuuito como nunca havia feito em sua vida. Voltou para seu castelo feliz por ter cumprido seu dever, incluindo o de ter libertado um filho de um amigo seu que pilotava sem carteira na contramão.

Afinal para que serve ter poder se não se pode usá-lo para com os realmente necessitados ainda mais quando se trata de amigos?

E esse foi mais um dia do ávido rei por trabalho. O rei Peretutu na sua tão amada e querida Tutulândia.

Andreia Cunha






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