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domingo, 20 de novembro de 2011

TRACICIDA



Possuía um guarda-roupa de primeira linha. Tudo o que fosse da última moda, ali tinha e em quantidade. Não que sua profissão fosse ligada à moda, mas como homem extremamente cuidadoso com as aparências, suas vestes deveriam acompanhar as tendências.

Era muito admirado pelas mulheres que não o largavam. Tinha para escolher e nesse quesito não fazia tempo ruim. Com tanta oferta, não poderia mesmo se deter a apenas uma, por isso era volátil nos relacionamentos. Aquela que quisesse algo sério e prolongado fatalmente sairia machucada.

O fato é que algo inusitado começou a acontecer em seu espaço maravilhoso das roupas. Traças. Estas começaram a aparecer e com tantas roupas ali era um reino de alegria para as ditas que em pouco se multiplicaram.

Não havia meio de acabar com a praga. Ainda não tinham inventado um tracicida. Era um rombinho aqui e outro ali em suas belas peças, antes almejadas e invejadas por homens e também mulheres.
Foi um sufoco porque nem desmontando o armário trocando por outro e mantendo todo o tipo de asseio necessário, as danadas se mandavam. Eram por demais persistentes naquele lugar que elas determinaram como paraíso.

Ensandecido e sem condições de lutar mais com aquilo, o homem literalmente enlouqueceu e em determinado dia, nu e no meio da multidão, entre berros e prantos tomou um copo de uma mistura maluca que ele mesmo fez.

A tal mistura após analisada e investigada foi tida como muito eficiente no combate as traças.
Porém, para ele já era tarde. Muito tarde.


Andreia Cunha












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