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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O BEIJO MASCARADO



Um baile a fantasia já estava um tanto ultrapassado, mas como era extremamente tímido resolveu resgatar determinados hábitos para que assim pudesse se expressar melhor.

Fato era que estava perdidamente apaixonado e não sabia como se aproximar da amada sem cometer alguma gafe. Mascarado seria muito melhor. Suas expressões entre medo e timidez ficariam disfarçadas pela ilusória capa facial.

Ela até parecia corresponder, mas tirava proveito da ingenuidade do rapaz vencido pela descoberta dos primeiros sentimentos conturbados. Era seu aniversário e sendo de família nobre sabia que a máscara o ajudaria.

Afinal a cor do sangue determina sentimentos, mesmo que estes fossem apenas momentâneos e não totalmente verdadeiros. Percebia isso desde sua tenra idade vendo os relacionamentos tanto dos pais como parentes mais próximos. A formalidade era princípio, regra e fim em si mesma.

Triste era vê-lo envolto naquela máscara e pensar tão toscamente quanto pensava. Era belo como todo adolescente costuma ser quando bem cuidado. Só era um tanto desajeitado. Enredomado por preceitos e nem mesmo na infância fugia aos domínios sociais e do status a qual pertencia.

Descia e agora cumprimentava os convidados até que com certa desenvoltura. As damas o cortejavam, mas dentre elas nenhuma era a que o seu coração causava arritmias e desconforto.

Entre os olhares a máscara era sua companheira, pois rodeava o salão sem perceberem para onde seus olhos se direcionavam com clareza. Era um bichinho acuado apenas encorajado pelo artifício do esconder-se de si mesmo.

Ela? Sim, ela apareceu, mas gostava de vê-lo em sofrimento pela procura, parecia mais procurar-se a si mesmo. Quando ele a via, sorria-lhe e procurava sumir novamente. Chegaram a conversar, mas por pura piedade que ela sentia por ele. Tão inseguro! Pensava.

Ela mesma não sabia o que sentia. Oras era uma pena, oras era um carinho diferente. Não era nobre como ele. Talvez fosse mesmo uma vingançazinha besta aliada a uma invejazinha danada.

Quando novamente se aproximaram foi para uma dança. Ela deu um jeito de deixá-lo sem chão e noção e sutilmente, como só uma mulher tem o dom de fazer, deixou-lhe a máscara frouxa a ponto de não mais sustentar-se em seu rosto do menino.

Esta caiu-lhe no meio do salão. A vertigem tomou-o como a paixão o havia tomado antes. E foi essa a primeira vez que teve contato com o poder de sedução de uma mulher, bem maior e mais ardiloso que o poder pura e simplesmente do dinheiro e das formalidades a qual tinha sido tão bem mascarado para vivê-las.

Andreia Cunha










Um comentário:

  1. MINHA QUERIDA AMIGA ANDRÉIA,

    PENSEI QUE A ESSAS HORAS JÁ ESTIVESSE DE LUA DE MEL EM ALGUM LUGAR EXÓTICO E PARADISÍACO, NO ENTANTO FOI UMA GRATA SURPRESA RECEBER O SEU COMENTÁRIO, O QUE SEMPRE ME DEIXA ALEGRE.

    TE ADORO MESTRA DAS PALAVRAS.

    BEIJOS COM TODO CARINHO.

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