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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

VONTADE PRÓPRIA



Inadequada. Era assim que se sentia. Aliás, o espelho a acuava com sua figura. O que nele havia que a atemorizava? 

Era o cabelo. 

Há tempos percebia que este a fazia olhar sua figura de modo diferente.

Nunca se deram muito bem. Ambos pela rebeldia e vontade própria. Tentava inutilmente adestrá-lo com produtos, pastas e cremes. 

No entanto, de tempos em tempos, este mostrava total desprezo pelos supostos carinhos da dona. 

Dona? Ele era o Rei do pedaço. Ficava no topo e isso lhe bastava para o título de realeza.

Quanto a ela agora? Sentia-se meio que num complô: espelho e cabelo pareciam depor contra sua pessoa. Por onde passasse e que houvesse um espelho detinha-se por instantes para confirmar ou quem sabe mudar a sensação de desconforto. Niente.

Nada mudava. O banheiro? uma possível solução para erguer a auto-estima. Lutava nesse exato momento com toda a cabeça em seu estado psicológico de ver. Era todo o corpo que ressentia a ira do cabelo que como figura de personalidade demonstrava sua insatisfação com o trato que recebia.

Preferia ser sem personas, como fosse chamado: crespo, duro toin nhom nhom. Era todo ele que queria aparecer. Mas por enquanto, quebrando, espatifando-se gritava por sua real natureza.
Algo deveria evidenciar sua vontade. E esse ato era por enquanto o que possuía como arma.

Cabe cabelo belo calo mental de muitas mulheres. Sempre insatisfeitas.

andreiACunha







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