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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ENXUGAR



Enxugava aquela louça com razoável boa vontade, embora estivesse mais entretida com as últimas leituras científicas e estas não lhe eram fáceis.

De repente um estalo. Enxugar é esse o problema a ser resolvido. O que seria o teletransporte? Era a pergunta do momento embrenhada nas leituras que fazia sobre física quântica.

Estamos conectados ao tempo e ao espaço. Em nós essas dimensões agem causando a locomoção e o envelhecimento. Isso obviamente num modo linear de se enxergar a vida. E se a linearidade fosse apenas uma ilusão, uma falsa sensação que faz com que realmente as coisas aconteçam assim?

Temia estar perante uma nova luz e ao mesmo tempo uma incógnita surreal. Tempo e espaço agem sobre nós e nós sobre eles. Estou aqui e agora enxugando a louça, mas a mente é volátil. E existe provavelmente um corpo mental que nos molda enquanto seres viventes nesse planeta.

A lógica seria aprofundar na mente, conhecê-la mais a fundo enfronhar-se em seus abismos e altitudes para conseguir o feito da teletransportação. E os abismos e altitudes nada mais seriam que as dimensões tempo-espaço. Deveria haver um modo de enxugá-los nem que momentaneamente de nossas vísceras para que assim pudéssemos nos libertar dessa casca densa e pesada que nos conforma ao chão, à gravidade e as outras leis que nos enganam com suas sensações  aliadas aos nossos sentidos sempre fáceis de serem enganados.

Uma breve alegria a tomava por supor que enxergava fora dos padrões normais. Ela agora é q estava iludindo sua visão e talvez a estivesse colocando em seu respectivo lugar enquanto as cortinas se abriam para uma outra verdade nua e crua.

Claro que para atingir tal nível de uso mental o homem deveria abdicar de suas mesquinharias mundanas e ilusões perniciosas que mais acomodam e anestesiam para os reais sentidos da vida e além dela em carne e osso.

Não seria fácil defender uma tese dessas e nem ao menos pensava em como começar a partir para experimentos que comprovassem sua ideia. Mas só por tê-la ali no ato de enxugar já lhe trazia alívio.

Tudo era linguagem em verbos que construíam seres, imagens ideias para depois serem objetos reais comprováveis ou não pela lógica dos experimentos adotando-os ou repudiando-os como verdades verdadeiras ou falácias.

Sua mente louca dava um giro insano pelos conhecimentos que até então imaginava carregar.
Enxugava-se tanto quanto a louça, esquecia-se do tempo e do lugar em que estava e se teletransportava em mente à ciência que criava e a revolução a que colocaria como pólvora no mundo caso de fato isso tudo pudesse ser comprovado.

Pairava na curiosidade quando parou para escrever toda sua novidade. A louça? Com o tempo, enxugou-se.

andreiACunha



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