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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A VIRGEM DO FOGO




Embrenhava-se na mata. Era nela, com seu noturno coração desconhecido e pulsante, que ele se entregava aos delírios e devaneios da arte maior das metamorfoses, a alquimia, a seu favor.

Sonhava, antes de mais nada, um ente feminino. Uma maga magia que o transportasse a outros universos e aquietasse a essência de seus hormônios agora mais do que antes em tremenda ebulição.

Era com fogo que manipulava seus mais íntimos desejos e era também com ele que esperava alcançar a resposta a qual tanto ansiava, mas ainda não possuía.

Perante os aparatos astuciosamente escondidos, encerrava os ingredientes roubados dos mestres a espera do milagre que para ele já era mui tardio.

Sabia por observação que a arte sempre imita a natureza e que por intermédio dessa sua verdade seu corpo se abriria em chama viva para que no obscuro o novo enfim pudesse nascer. Aquela noite parecia propícia para a plena abertura. Uma confiança o tomava.

Em uma retorta de formato sexual, os elementos se uniam fortemente a ponto de se tornarem uma só e tanta desconhecida massa.

O milagre então nascia como antes fora vislumbrado. Sussurrando, ele enfim agradecia:


Ao encontrares a arte de dominar o fixo
e fazê-lo voar em meio aos líquidos
Unindo-se ao sol e com ele se casar
Tereis o sexo perfeito
A conjunção dos astros
num eclipse total. Pleno

Em vaporosa nuvem branca, ela surgia poderosa e altiva e ele, criador, todo menino derretido não mais sabia como agir.

Ela o tocava suavemente. A Virgem do Fogo, vestida de branco, em carícias veementes, enquanto ele, carente, todo envolvido no envolvente, deixa-se evaporar no todo desejo daquele calor.

Por fim, ambos eram só vapor.

andreiACunha







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