A tribo do povo Que Não Existe Ainda – é esse o nome – é muito organizada e não admite confusões entre seus componentes. Qualquer insurgente é tido como traidor. Isso não implica que não haja situações do tipo.
Elas existem, mas em pequena quantidade e por motivos muito fortes. No fundo, eles são pacíficos, esportivos e principalmente justos. Cada qual exerce uma função dentro da sociedade, mas as desigualdades não são motivos de indiferenças e sensações de poderio.
Aliás, poder, competições ferrenhas para exercê-lo? Isso também tem normas. Afinal elas servem para frear impulsos e como sabedores dessa condição carnal, o povo Que Não Existe Ainda investe potencialmente em educação de qualidade para evitar que mesquinharias de baixos sentimentos venham a apodrecer anos de escolaridadeque se refletirão vida afora.
Para se manterem nessa paz é necessário haver consensos entre governantes e governados. Para isso, existem reuniões semanais para o prosseguimento dos mandatos. As crianças são crianças, brincam e aproveitam a idade, são felizes em suas fases de conhecimento e apreensão do mundo. Os velhos são respeitados e há amor dos parentes em cuidá-los. Existe consciência sobre o que é essa fase e as tantas necessidades que ela exige.
Cada trabalhador tem um salário suficiente para se manter, bem como suas respectivas famílias. A aposentadoria é digna e não há reduções. A cidade é de uma limpeza exemplar. Animais e plantas não são para serem derrubados. Afinal, os móveis são feitos de pedras.
Ficaria aqui por horas falando sobre a Constituição tanto das leis como da formação e manutenção dessa sociedade.
No entanto, como eles são uma tribo intitulada Que Não Existe Ainda não há motivos para ficar discorrendo sobre algo que realmente ainda nem existe e infelizmente nem sabemos se existirá.
Fica disso tudo o sonho, a vontade, a esperança de que pelo menos alguma coisa se transforme em realidade para que nós tenhamos um tanto desse mundo melhor.
Andreia Cunha
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