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sexta-feira, 24 de junho de 2011

NO INTERIOR


 


No interior



Uma estrela dentre milhões de milhares. Observava o céu límpido do interior e o admirava, pois lhe era bem diferente do litoral onde morava... Porém, aquela uma lhe chamou a atenção... Não que fosse grande... Pelo contrário, aquela era minúscula, quase imperceptível... Mas existia e estava ali... Talvez fosse pequena para nós... Aliás, poderia ser até maior do que as que bailavam como um luzeiro... O que a tornava graciosa era justamente a distância em que se encontrava... Pontinho ínfimo, mas que existia ali... Sabe-se lá quantos anos-luz... Nisso residia o seu mistério... A distância... Conhecia os segredos ocultos que os homens gostariam de possuir... De onde estava localizada muita coisa era possível saber...
É!... E isso era um desejo que ela possuía... Queria desvendar-se, mas teria de buscar dentro de si o que na dureza do mundo real não podia enxergar com clareza... Aquele céu límpido poderia ajudá-la... Talvez, olhando sob um novo ângulo pudesse entrar no seu íntimo com mais certeza... Acreditava que o microuniverso é uma extensão do macrouniverso... Portanto, olhando o exterior, conseguiria entender-se melhor...
Os pensamentos antes lhe falavam de um passado... Agora, ali diante daquela beleza nem se lembrava de seu passado... Ela era toda exclamação pela infinitude e ao mesmo tempo pequenez de si no mundo... A dor naquele momento era a de não enxergar aquele céu antes para ter essa sensação mais vezes... Diante da beleza do céu noturno no interior jamais perderia tempo com sua dor mal curada de ferida aberta que precisa urgentemente ser fechada... Achava isso em suas reflexões românticas...
Imaginava que seus olhos estivessem refletindo a paisagem belamente em sua retina, por isso a enxergava assim, tão bela...
Escolheu uma colônia no interior... E era uma das mais cobiçadas no inverno... Uma semana esquecendo-se na vida interiorana para tentar recuperar as forças necessárias para levar mais meio ano de lida... Sentia-se muito máquina quando no trabalho... Queria se humanizar, por isso o contemplar do céu com mais tempo... Era a primeira vez que o olhava verdadeiramente...
Era jovem queria se recuperar das perdas da vida e a estrela lhe pronunciava segredos essenciais para o prosseguimento da jornada... Sentou-se, primeiramente, mas depois preferiu mesmo deitar-se na grama... Que mal haveria?!  Seria uma extensão da própria terra!...
E mesmo não trocando nenhum tipo de palavra audível com aquele pontinho no céu sabia que tanto uma como a outra sairiam dali transformadas pelo olhar... Tornaram-se íntimas... Algo antes insolucionável dentro de si retomava o curso natural de perceber que o passo seguinte deveria ser o de continuar a caminhada da vida para um crescimento mesmo que este não fosse percebido por algumas estrelas próximas... Mas que às vezes as distantes nos dizem muito mais do que as próximas... Proximidade nem sempre é sinônimo de compreensão...
Sua primeira e grande lição de vida... Dentre muitas outras que viriam... Por isso, deixou-se adormecer ali... Adormecer-se ali......................................................
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Andreia Cunha





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