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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ELA RENASCIDA


Quando receberam a notícia, foi um espanto total. Ninguém imaginava que isso um dia pudesse acontecer com ela. Justo ela. Mas, enfim... Acontece um dia com todos e com ela não seria diferente.

Entretanto, a falta de sua figura simbólica causaria muitos problemas para os seres humanos. Visto que apesar de sua capa de tristeza e amargura, ela se faz necessária como meio de encontrar a grande verdade.

Estranho falar dessa forma sobre essa figura a qual nem apresentei a vocês, leitores. Mas não quero estragar a novidade. Afinal, todos sem exceção a conhecem ou já tiveram contato intermediário com a dita.

Fato é que ela passou mal e isto lhe bastou para bater as botas e pendurar as chuteiras de seu cargo em alto escalão. Enquanto a Alma anela pelo Amor como profundidade e também evolução, o corpo anela pela Dúvida e busca pela Verdade como princípios para crescimento.

Com sua morte seria complicado manter corpos firmes nesse propósito evolutivo. A alma por si só não sustenta o ser em sua completude material e o Amor bem maior da alma é apenas um segmento dos fios que tecem a Criação. A Dúvida e a Verdade estavam desfalcadas sem sua presença em alguns casos aliviante em outros, dolorosa dentre uma infinidade de adjetivos.

Poderia mesmo a Morte morrer? A Morte tinha vida? Por ser quem era e ter esse nome estava livre dessa fatalidade consigo mesma?

Pelo jeito não, pois nesse exato momento, outros tantos preparavam o velório da Morte enquanto ser físico dotado de poderes. A causa mortis: mau súbito seguido de ataque cardíaco. Improvável crer, mas ela tinha alma e coração!?

Sua alma anelava pelo Amor, igualmente o que acontece conosco seres mortais e humanos como meio de entendimento e compreensão da vida?

Quando a notícia se espalhou, cada detalhe era um lampejo de reflexão. Quem a substituiria? Será que ela viu toda sua vida antes de partir? E Partir para onde? Céu ou Inferno? Tantos os questionamentos que nada mais poderia causar tantas incertezas.

A Verdade agora ondulava aérea, pois o chão não mais existia. Sua verdade nunca fora tão abalada com uma notícia daquela. A Dúvida era mais que dúvida, era também medo pleno de que nada mais era impossível. Sua imagem estava tão abalada que suas feições demonstravam o que seu nome nunca antes a tinha feito sentir: dúvidas verdadeiras.

Entretanto, quando os rituais fúnebres começaram, um corpo mais denso que o primeiro se reestruturava no caixão e um terrível rebuliço aterrorizou os presentes choramingantes.
Era ela novamente que ressurgia das cinzas a qual estava condenada, sem mesmo o fogo lamber-lhe as carnes frias, sua foice flamejante lançou raios fulminantes marcando que sua presença ainda era firme e forte como antes.

Nada estava tão perdido. Eis que triunfante a Morte renasceu, não chorava com um bebê. Esta sorria, primeiramente com ares ingênuos. Depois sarcasticamente tomou o teto daquele local e se desintegrou como fumaça pronta para voltar a ativa novamente.

Nunca duvidemos do poder daquilo que consideramos como inexorável.

A inexorabilidade não é para nós reles mortais.

Andreia Cunha













Um comentário:

  1. que que é isso ? escondendo uma legitima escritora de mão cheia ?
    muito bom. muito bom.

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