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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

AB-USOS E SUB-USOS INESSENCIAIS



É preciso cavar para mostrar como as coisas foram historicamente contingentes, por tal ou qual razão inteligíveis, mas não necessárias. É preciso fazer aparecer o inteligível sob o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo?
Michel Foucault



O homem não sabe mais lidar com ela. Aliás acho que nunca soube. Como subterfúgio sempre é mais fácil culpar o outro a vivê-la em toda a sua graça e plenitude. Mas o que é plenitude senão uma palavra antes de ser uma ideia abstrata ou um modo de vida juntamente com esse ela?

Persisto em não a nomear e chama-la por intermédio de pronomes enigmáticos. É sempre melhor prevenir para o que não há como remediar. Podes me acusar de medo, mas a troco de que cultivaria o receio se por acaso sou apenas a mera imaginação da autora na figura de narradora?

Para evitar fadigas declará-la-ei, mas apenas no momento em que me convier, pois apesar de não ter vida no real mundo tenho vontades próprias e desejos o que me faz tão humana quanto você aí que me lê e tenta me decifrar nessas letras.

Esse ela guarda toda a essência da maturidade, os adolescentes a almejam de maneira desregrada deixando-a com a cara da rebeldia, da ousadia envolta nos mantos da coragem. Mera figura decorativa que aos poucos amainará sua força, pois afinal ela não precisa da violência. 
Compreensão lhe basta e bom uso de seus ideiais.

Questiona-me sobre o remediar? Ok. Digo que se suas doses forem desregradas como as citadas pelo modo adolescente ela pode causar danos irreversíveis e muitos já perderam a vida por conta desse ab-uso, diria um sub-uso tosco e mal interpretado.

Outros agem de má-fé querendo ludibriar com manjares doando a custo zero barganhas pelo precioso ela que nela contém. Afinal, não é todos os dias que é possível lidar com alguém que usufrui de liberdade para se ser sem necessariamente se iludir com os teres e veres alheios.

É ela. Eu a disse e talvez nem a percebeste. Entendo, é o costume de passar pelas letras sem repará-las pro-fundamente. Muitos não se dão conta de que atingi-la requer sobretudo negar o que para outros seria uma prisão contida no não da recusa do fácil aceitar.

Nem todo não é inessencial. Alguns nãos são essenciais. Pedem maturidade de escolhas, reconhecimento de limites, crescimento em conhecimentos  e aceitação da opinião alheia.
Entendamos: Toda liberdade plena passa pelos crivos de um não em algum momento.

andreiACunha






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