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sábado, 30 de junho de 2012

A PAZ, A VOZ E A VEZ




‘Quando todas as vozes se misturam em alarido como desarmonia evidente, o silêncio é a melhor resposta, a solução plausível para acalmar os ânimos e manter a paz.

Pode até ser uma paz aparente no momentâneo engolir com farinha a seco, no entanto, expor opiniões alimentando as deusas mitológicas Fúrias e Discórdia é o mesmo que adentrar os níveis sombrios do falatório sem entendimento.’

Fora educada nesses moldes e por vezes até conseguia essa sublimação espiritual. Porém na maior parte das oportunidades sufocava sua  dor de vozes persistentes com a aparência do silêncio pacificador do ecossistema ao seu redor. Em si tudo borbulhava ardentemente como azia mal curada queimando no estomago inquieto e latejante.

E todos diziam: Como há paz nesse lugar... Sem saber o que de fato consumia e se consumava como tranquilidade aparente e mascarada no silêncio ensurdecedor de palavras não ditas. Quando o alarido começava, anulava-se em silêncios explosivos.

Até que um dia, tudo começou a desmoronar como se fosse um vídeo gravado sem som. No mais absurdo surrealismo ideológico suas vozes caladas lhe mostravam a verdade vindo abaixo apenas em imagens e fumaça de poeira e pó sufocante.

Uma Joana D’arc às avessas na qual a fogueira era a derrocada dos pilares construídos sob a forma de construção sólida. Entre imensa tristeza e alívio absoluto tudo remontava o caos.

Irônico sarcasmo refazia e desfazia o ponto de partida infinito que insistia em mostrar sua força reconstrutora e igualmente destruidora. E era no mute do controle remoto que o filme prosseguia evidenciando sua vida apenas vista sob os olhos empoeirentos e empoeirados que tentavam acertar o caminho mesmo que visto sob uma imagem de TV.

Não vivera a plenitude de sua voz, não aprendera a ver, pois que pela sua anulação a construção havia caído e persistia em vir a pó como o homem em seu fim material: do pó vieste a ele retornarás!

Tudo foi demais para si. Com os pulmões sufocados caiu ali mesmo em frente a TV que mostrava sua vida sem voz. Foi-se a sua vez.

Andreia Cunha







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