Powered By Blogger

domingo, 17 de junho de 2012

AOS SANTOS DE SANTOS - UM APELO




Ousarei. Mas nunca neguei não ter meu ladinho atrevido, ousado e irreverente. A cara do santista está mudando, (não, não me refiro ao torcedor do time) digo do morador da cidade de Santos mesmo.

O que há por trás de minha afirmativa? Há uma pincelada de tudo o que se possa imaginar como crítica e reflexão, embora não seja alguém especificamente capaz de emitir tais pareceres de forma embasada em pesquisas ou relatórios sobre a questão. Atenho-me ao fato de ser observadora e leitora do assunto bem como da realidade.

Um boom imobiliário está eclodindo na cidade. Inúmeros arranha-céus hoje chamados de torres estão sendo construídos e de maneira frenética para abarcar a mão de obra que virá de fora em busca da mina de ouro afortunada que representa o pré-sal.

Entristece-me ver o que antes era uma universidade ser destruída em favor de um novo empreendimento. Dói-me, maiormente perceber que a maioria dos compradores são empresas que pensam em lucrar fornecendo esses apartamentos para seus futuros funcionários – que com certeza não serão da cidade, pois não há investimento na educação e formação dessa mão de obra específica que será necessária para essa nova cara da região.

A parcela que vive do porto (ainda maioria na cidade) está fadada ao fracasso, pois ao que tudo indica a área portuária santista está predestinada a unicamente ser terminal de passageiros, deslocando as cargas para o futuro porto de Peruíbe. Com isso, o nível de vida se eleva absurdamente, empurrando o verdadeiro santista a se mudar para outras cidades: São Vicente, Praia Grande e regiões periféricas.

Tais evidências não são factíveis por pesquisas. É visível triste e infelizmente real.  Há pouquíssimo investimento na educação dos jovens que aqui vivem nessas áreas que tomarão a cidade como campo de trabalho. Daí advém a necessidade de vir de fora a tal mão de obra especializada no que se refere a educação superior.

Aos poucos e de modo um tanto sutil para a maioria, que se atém ao universo cotidiano do trabalho sem a noção ampla de como tudo se processa, vemos essas mudanças se efetivarem e a cara da cidade mudar expelindo o filho de Santos para outros cantos devido ao encarecimento não só do metro quadrado da região bem como do padrão de vida que está se elevando verticalmente.

Óbvio que há o lucro em jogo, o poder e igualmente a oportunidade de visibilidade da cidade num nível nacional. No entanto, o que questiono é o direito de igualdade para o santista aqui nascido competir com o time de trabalhadores que virão. E isso não acontece.

Há ainda a questão’ ganância’  no tabuleiro desse xadrez: torres gigantescas mais a extração de petróleo das camadas do pré-sal são duas bombas de caráter catastrófico caso não aconteçam planejamentos pautados na seriedade e não somente na conquista cega  pelo dinheiro que isso possa alavancar bem como os desastres ambientais.

Enxertar água  onde antes havia óleo é algo preocupante, visto que a densidade da água é muito mais leve que a de óleo. Seria o caso de termos bolsões que podem ser preenchidos ou arruinados pelo fato de a água não dar o suporte necessário para essa sustentação. Aí sim teríamos algo de proporções bem calamitosas.

Não quero fazer um prognóstico pessimista. Apenas como santista nascida e criada na cidade exponho minhas reais preocupações com tudo o que vem acontecendo e tristemente percebendo a falta de postura política e ética nos quesitos aqui mencionados.

Gostaria muito de ver meus ex-alunos em caráter de igual oportunidade no mercado de trabalho e não apenas trabalhadores para turistas quando estes vêm curtir um final de semana. O que a meu ver no futuro será um imenso e indefinido final de semana caso não consigamos enxergar que algo precisa realmente ser feito, algo substancialmente precisa mudar.

Andreia Cunha







Nenhum comentário:

Postar um comentário