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domingo, 8 de abril de 2012

J.J ENCENATIVO PÁSCOA DA SILVA



Um imenso coro se apresentava na praça central da cidade naquele dia. Era um domingo, mas não cerimonioso. Apenas domingo no seu jeito de ser a moda antiga: lojas fechadas e nenhum tipo de comércio aberto tal como mercado ou mercearia.

Crianças, adolescentes e adultos ali cantavam muitos louvores que agradeciam de alguma forma o início de mais uma semana. As pessoas que por ali passavam por ser hora agradável e após o descanso do almoço se reuniam ao redor do som.

No entanto, algo seria quebrado tal como pacto selado com sangue e beijo. Uma encenação teria vez assim que o som cessasse o seu número. Tudo eram novidades e expectativas. Uma trombeta soou e o silêncio se fez presente tanto quanto a quantidade de pessoas ali reunidas.

O Senhor Silêncio chegou e um homem adentra o palco sendo açoitado por todos os lados. Apesar de ser uma encenação nada diria que o ser que ali estava não sentia a profundidade daquelas dores representadas.

Seu nome era Judas Iscariotes que pouco antes numa ceia reunida havia dito o que de fato aconteceria. Ninguém acreditava na história às avessas e achava tudo aquilo uma profunda heresia apesar de não ser a páscoa em si.

Aquilo mais parecia um carnaval medieval na qual em breve uma fogueira seria acesa e os patos da vez - a serem servidos como pratos à população após as fogueiras serem acesas para assar em brasa viva o churrasco humano em carnificina - fariam o verdadeiro espetáculo acontecer.

A multidão gritava até que um atirou um ovo doce e escuro no palco agora com uma forca posta para que Jesus arrependido se enforcasse como ditava a história proposta pelo autor herético.

Muitos revoltados começaram a arremessar os mesmos ovos que em mãos tinham e ainda incentivavam os filhos a fazerem com gosto. O teatro não parou. O espetáculo nunca pode parar mediante o desgosto da plateia. O lema é a de que o show sempre, sempre deve continuar. E era assim que os atores se comportavam mediante a obediência dos ensaios.

Até que uma senhora muito humilde sai da plateia e se põe a gritar juntamente com os atores ainda persistentes em seus atos. Era Dona Hipocrisia que tentava mostrar a todos o quanto tudo aquilo poderia ser verdade pelos espelhos propostos pela arte da encenação.

Aos poucos, as mãos foram baixando e se acalmando com a voz firme e forte que se pronunciava altiva apesar dos ares humildes.

O que ninguém podia supor era que perante tantas verdades sendo expostas assim a olho nu causaria tanto horror no Jesus ‘encenativo’. Mediante tanta confusão ninguém percebeu que suas ações mais que meras cenas representavam a realidade tão crua e dura quanto à vida pode proporcionar.

Antes mesmo da sonhada conciliação, ali jazia Jesus imóvel e aplaudido para a grande multidão pensando se tratar de um espetáculo pleno de veracidades e verossimilhanças.

Andreia Cunha







Um comentário:

  1. Seu blog está cada vez melhor, agora além de textos brilhantes, encontro imagens para afanar... rss.

    Beijos minha linda amada.

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