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segunda-feira, 23 de abril de 2012

DITADURA NONSENSE DEFLAGRADA POR MADAME SOUTIEN






Era uma reunião costumeira, mas que apesar de ser habitual volta e meia trazia gente com ideias novas. No entanto, desta vez havia visitas indesejáveis. A pauta do dia abrangia desde novas estratégias para atrair novos seguidores bem como a reforma de velhas reivindicações.

As discussões seriam abertas com a leitura da pauta e com a determinação de quem escreveria a ata, seguido por intervalo na qual um lanchinho apetitoso também seria servido.

Ao passar das horas e já com a presença pontual do líder, os integrantes foram se assentando para que o início enfim se desse.

As visitas indesejadas continuavam ali sorrateiras, mas ninguém se atrevia a perguntar quem as havia convidado para a festa. Um ar solene misturado a constrangimento exalava como perfume de quem havia pisado em porcarias indevidas pelo salão.

- Talvez represente dinheiro. Pensemos no lado positivo das coisas!

Uma madame rompeu o silêncio sepulcral com a frase bem no meio da leitura sagrada. Algo acabaria fora dos padrões.

Tudo fazia crer que alguém seria destituído do grupo pela audácia de levar aquelas duas para o encontro e talvez fosse a tal madame que pela frase denunciava sua culpa tão ingenuamente no seu dispensar de pensamento num modo inconveniente.

O problema é que todos, absolutamente todos sabiam da necessidade de consultas prévias para trazer convidados, o que não aconteceu com as novatas. As tais nem se aperceberam do incômodo que estavam causando, pois julgavam ser assim mesmo a reunião a qual participavam pela primeiríssima vez.

O líder teria que modificar alguns assuntos, pois fora pego desprevenido para lidar com tudo aquilo. O pior é que por estarem ali já implicava numa aceitação visto que conhecedoras poderiam muito bem sair contando os detalhes secretos.

Teve de agir rápido e criou um ritual a La momento para não perpetuar ainda mais o mal estar: - Fulana e Ciclana se apresentem a frente. Hoje tem início o ritual de aceitação de vossas senhorias como membros principiantes de nossas reuniões, mas para tanto deverão cumprir as seguintes normas:

- Deixar marcar a língua a ferro e fogo como prova de vossas sinceridades e lealdade a nossos princípios, e por já estarem aqui dentro não poderão dizer não. Caso contrário, não deveriam aceitar o que por razões muito óbvias não lhes convinha saber.

- Manter os olhos vendados a partir de agora como segunda prova de que adquiriram a paciência necessária para serem dignas de pisarem nesse solo sagrado.
- Ignorarem todo e qualquer comentário que nos julguem como quer que queiram...

- E mais: caso descumpram as normas terão seus belos pescoços a prêmio, mas isso ninguém sabe pois é um clausula que não está discriminada em nosso contrato assinado com sangue.

Visto que foram corajosas o suficiente para permanecerem: Começaremos o ritual e quem o fará é a Madame Soutien.

- Mas por que eu, acaso tenho culpa nisso?

- Não tem escolha cada um que traz novos seguidores tem de arcar com as consequências...

E lá foi Madame Soutien para cumprir o ritual sagrado...
Também quem mandou desobedecer as ordens alheias a ela em sociedade secreta? Deveria pagar o preço, pois...

Elas estavam lá, e como incomodavam!

Assim foi dito e assim se fez.

Andreia Cunha



 

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