Uma sombra assombrosa a atormentava. Via-a ao olhar-se no espelho, ao tomar banho na parede de desenhos estranhos no azulejo, nos olhos de outro animal e também nos olhos humanos que sequer a fitassem momentaneamente.
O fato é que isso já estava se tornando visível, coisa que ela tentava ao máximo disfarçar. E seus sustos aparentemente sem motivos estavam deixando os mais próximos com a pulga atrás da orelha. O que estaria acontecendo com Berlinda? Era a pergunta mais corriqueira entre os conhecidos.
Em seu trabalho secretamente até criaram uma aposta para a melhor resposta que convencesse os demais. O problema era quem julgaria a melhor frase, visto que todos sem exceção queriam arriscar um palpite.
O prêmio era insignificante, mas a curiosidade imensa. Berlinda, desligada do mundo real por conta das alucinações, não se dava conta da euforia que seu comportamento estava causando. De forma que seu trabalho já estava ficando comprometido com tantas crises seguidas.
Coitada, poderia até morrer. Diziam os amigos mais consternados, porém quem ousaria lhe falar algo? Temiam a reação da moça. Vai que nessas eu me intrometo e ela não gosta, ou vai que eu a chamo e a pobre bate as botas. Com susto não se brinca.
Berlinda estava na berlinda como seu próprio nome sugeria. Seria a sombra de Berlinda a causadora desses males? Algum pecadinho secreto visível somente a ela em seus olhos de lupa?
Não tiveram tempo de concluir a história, Berlinda trancou-se em seu nome e de lá jamais saiu para contar os detalhes de caso tão estapafúrdio sobre as visões da sombra assombrosa.
Andreia Cunha
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