“Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae.” – “O humor é necessário para a vida humana.” Já dizia S. Tomás de Aquino em tempos remotos.
Fonte de estudo para diversas áreas do saber humano, o humor é um recurso, cuja função primordial é quebrar paradigmas, que possibilita a entrada de novos conceitos arejando o pensamento das sociedades e culturas em geral. Não é à toa que Umberto Eco trabalhou tão bem o tema em sua obra intitulada ‘O Nome da Rosa’. Onde a trama se passava em um mosteiro medieval na qual mortes misteriosas aconteciam por conta da proibição do riso escrachado provocado pelo humor libertador e instigante.
Sendo o único animal que ri (segundo pesquisas científicas), o homem por intermédio da comédia ou de outros recursos humorísticos pode atingir patamares filosóficos reflexivos que o induziram ao riso. Semelhante a um espelho, o reflexo da atitude retratada com excessos seja num palco ou numa piada falada nos faz participantes mesmo que em pensamento daquilo que está sendo exposto. Há um jogo de ilusões e aparências que fica evidente com a atitude do(s) interlocutor(es).
Não sem motivo a palavra humor provém do latim ludus – ludicidade que nos remete ao ato de brincar ou se divertir. Tal jogo é e pode ser muito perigoso na medida em que desvenda caracteres na qual muitos preferem esconder. A identificação pode ocorrer em dois níveis: primeiramente pode ser pela identificação. Dou risada porque posso ou já cometi algo parecido, ou também pela ridiculariozação do outro, e nesse ponto entra um tanto da arrogância presente nos seres humanos. Ponho-me numa posição superior à figura estereotipada que não passa de um pobre coitado que não merece consideração a não ser o de provocar piadas, geralmente maledicentes.
O fio que separa o humor do grotesco é muito tênue e a dosagem é o ponto ideal entre o considerado brincadeira ou mal-estar. Um indivíduo que conte piadas e queira fazer rir o tempo todo é tido como inoportuno pois não é a toda hora que se pode rir, o oposto também é válido, alguém que leve tudo ‘a ferro e fogo’ pode ser um grande causador de problemas caso não saiba interpretar uma brincadeira como um momento de descontração.
Mas o motivo principal dessa escrita fundamenta-se no humor na qual a mídia vem já há algum tempo prezando em seus horários nobres como meio de espetacularizar debilitantemente um baixo nível educacional. Apelações para desrespeitos, excessos de preconceitos são apenas alguns exemplos básicos, isso quando não é direto a uma pessoa devido a seus trejeitos retratados no mais elevado grau anti-estético.
Será que esse humor apelativo produz algum efeito positivo ou reforça ainda mais tudo aquilo que aos poucos deveríamos estar abominando por meio das reflexões conscientes?
Fico com a segunda alternativa.
Andreia Cunha
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