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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O EU DELIRANTE NO PAPEL



Inicio esta narrativa com meu próprio riso. Satirizo-me ao tentar me colocar no papel como pessoa. Esqueço-me e ignoro, enfim, de que o essencial para um escritor: mesmo me escrevendo deixo de ser pessoa e me torno personagem. Não deixo de passar pelo crivo do meu olhar e pelo filtro que eu me sou.

Sei. É confuso. Mas a vida não é só feita de facilidades. Os níveis mais aprimorados nos sobrevém mesmo ainda quando estamos engatinhando. Assombroso e tentador ao mesmo tempo. Nunca fui de desistir, por isso tento-me.

Tento-me de tentar em tentações, de desafiar-me para atingir as superações. Sei, não precisa bufar, embora não o veja agora, no momento da escrita deslizante de canetas em ideias, estou adiando o começo dessa narrativa, apesar da palavra inicio (verbo - eu inicio), que bem poderia ter acento para retirar-me do contexto de sujeito, substantivando-a para que ela mesma, a história, se começasse.

Sou ser ambíguo e duvidoso. Anseio coragem e hesito nos passos nos quais trilho, entretanto, justifico-me: quem não o é? Esse é o meu instante e com isso já estou sendo palavras descritas de mim mesmo.
Como negar que o que até agora volteei não se revelou como assim está me revelando?

Minha insegurança me basta para ser parte do que sou nesse tique no taque do tempo. Óbvio que gostaria de ser trivial, agir em estereótipos, não consigo. As ideias se lançam sorrateiras por meus poros abertos como tocas em brechas de fugas e refúgios. E nisso me teço em tecido com células vazias que permitem o ar da vaguidão que enfim todos temos.

Afinal, é no nada que somos, por isso, tantas lutas para se chegar a micro-ínfima partícula que nos compõe - o início verdadeiro.

Chega, chega de conjecturas, quero ou pelo menos queria dizer: sou alta ou baixa, morena, de 37 anos, nascida em... com paixões por... Ah! não consigo, não sai. Oras não pode sair mesmo o que por si não se tem dentro de si. Sei, não precisa repetir, estou divagando nas palavras que nada explicam e nada me dizem a ti sobre este ser que tenta em tentações ser mais que existência na linha do tempo...

Nossa! Quanta pretensão. Até mesmo essa interjeição já demonstra minha humana condição: nossa - um pronome possessivo. Não tenho nada! Nem a mim nesse instante de escrita! Assim pensamos que somos e seguimos na ilusão de nos sermos algo que nunca foi e nunca será o nosso primeiro e único EU.

Ah! caro leitor. Desculpe-me se peço demais nessa condição de que pareço e sou. Tenho pretensões acima dessa reles condição e só por me julgar assim, já me anteponho na condição de um deus que se controla. O bom talvez é reconhece-se.

Tolice tentar dizer quem se é, tolice definir-se sem saber mais do verbo e do substantivo SER. Uma palavra sem meios de ser definida, pois é no tempo que se existe, que se é. Meu infinitivo não é de segunda conjugação. Talvez seja no ESTAR que eu seja algo. Talvez no dormir é que eu viva mais que vivendo acordada.

Eis o acordo de minha vida: não ser - apenas estar e dormir.

Andreia Cunha.












4 comentários:

  1. Querida Andréia,
    A vida é bem maior que pequenas atitudes, nela não cabe o rancor, o ódio, o orgulho, a indiferença, entre outras tantas posturas sombrias.
    Somos energia, somos feitos para uma jornada contínua de aprimoramento e evolução.
    Pessoas especiais, filhos da luz, mesmo distantes acabam se unindo e aumentando essa legião inquebrantável.
    Não acredito em dógmas, não sigo religiões, porém tenho a certeza que a bondade é indestrutível e que causa e efeito são reais.
    Amamos animais e a natureza, você, a Priscila(que já considero uma amiga), eu, e um número imenso de abnegados, que se sensibilizam com as necessidades e entendem o quanto esses seres são especiais, permitem que um pouco desta energia negra que insiste em colocar suas garras em tudo que alcança, se dissipe mantendo o equilíbrio.
    Diga a Priscila que acredito sim, que em breve alguém saberá diagnostica-la corretamente, e que esses sintomas desagradáveis farão parte do passado.
    Um beijo e um abraço com todo o meu carinho em vocês, minhas queridas amigas!

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  2. Meu New Old brother Sorcerer,
    se me permite chamá-lo assim, sempre soube desde o princípio ao olhar seu blog que se tratava de uma pessoa mto iluminada e especial. A cada dia sinto um carinho maior pela pessoa que vc é mesmo sem nos conhecermos pessoalmente. Parece que já o vi, parece que já nos conhecemos e sei que isso pode ser uma grande verdade e que agora por ironia do destino apenas nos pareça uma ilusão.
    Sua forma de se expressar no mundo por imagens o torna um mago observador da vida por meio delas. Sinto-me aprendiz no caminho da escrita que é minha maneira de me entender perante o mundo. Escrevo para me montar, para tentar ser melhor a cada dia, mesmo conhecendo parte de meu lado obscuro. Aquele que fatalmente todos temos.
    Tenho-o em alta-estima. Sou e somos grandes amigos de alma.Grande abraço.

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  3. Querida Andréia,
    É uma honra que dispense a mim um tratamento tão carinhoso!
    Engraçado, a afinidade que sentimos um pelo outro é algo que cresceu repentina e naturalmente, por isso só posso sentir da mesma forma que você, como se já a conhecesse.
    As imagens exercem em mim o mesmo fascínio que as palavras exercem em você, somos complementares, não consigo me expressar com o seu brilhantismo, por isso recorre as imagens.
    Quanto ao lado negro, concordo plenamente, porém acredito que um dia todos seremos apenas luz.
    Muito obrigado por toda a sua atenção e carinho, sou seu eterno admirador e seguidor, e não apenas no blog.
    Um beijo com todo o meu carinho.

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  4. Oi amiga querida...parabens pelas publicações, por seu talento e por esse lindo blog...sinto muito orgulho de ser sua amiga e admiradora...Sucesso !bjs

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