Powered By Blogger

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SIMETRIAS E ASSIMETRIAS DO OLHAR



Simetrias e Assimetrias do olhar

“Viver é fácil com os olhos fechados...”
John Lennon

“Viver sem filosofar é o que se chama
ter os olhos fechados sem nunca
os haver tentado abrir.”
René Descartes

Pelo título parece que o assunto tomará o caminho da medicina tentando ajustar defeitos referentes a olhos, a qual uma intervenção cirúrgica se fará necessária.

Não, não se trata de medicina ou plástica corretiva. Trata-se de um tema filosófico e conseqüentemente amplo podendo divergir para muitas outras áreas. Temos a tendência (diria até preconceituosa) de classificar algo simétrico como perfeito.

  O conceito de perfeição nesse caso se encaixa a algo que tem similaridade e não causa destoamento tão significativo para o outro que vê o objeto. Seria  considerado belo o dentro de padrões que não choca ou causa repúdio pelas diferenças. Entretanto, simetrias não são regras. E o que mais nos deparamos são com as assimetrias, principalmente na grande Mãe-natureza. 

Fractais ainda são mistérios matemáticos, desestabilizam conceitos, normas e regras, chocam os olhos, apesar da certa beleza desalinhada. Na maioria das vezes, assimetria está diretamente relacionada ao feio, ao desajustado, ao que pode e deve ser rejeitado sem problemas e também ao imoral, ao incorreto por ser visto como erro ou imperfeição.

O ideal é um olhar 80 x 80. Algo que extrapole para um dos lados desigualando-os é considerado perversão, engano, pois está fora do padrão dos costumes sociais.

Como então nos deparamos com as novidades e o arejamento de pensamentos e atitudes nesse sentido? Um olhar assimétrico é aquele que foge aos padrões estipulados e seguidos pela maioria, pode ser o (re) novo que, portanto deve ser a princípio repudiado até atingir um nível de aceitação nos moldes considerados como parâmetros. Tudo acaba se transformando dentro de uma linha de tempo. O fator temporal é o amenizador e de encaixe dos valores. 

Porém, a problemática dos 80 x 80 é ainda mais complexa, pois nem sempre haverá aceitação em recortes de rebarbas para enquadrar a imagem no porta-retratos. Diria que esse recorte de rebarbas funciona mais como um mascaramento de segundas intenções na qual se impõe um padrão suportável /aceitável ao que antes era in-suportável/ in-aceitável.

Exemplificando para clarear o tema: antes não se falava em emissão de gases poluentes e efeito estufa, hoje se fala, se debate e se discute regras para controlar tal fato, pois há ares de preocupação com o destino a qual estamos dando ao planeta, antes escravizar o negro era normal, hoje (até que enfim) não mais. 

Mas até que ponto essas mudanças foram / são meras imposições ou aceitas com sinceridade sem a necessidade de inúmeras justificativas? Vemos no Congresso tantos impasses para a renovação do Código Florestal igualmente tantas justificativas para o sistema de cotas raciais e mais ainda sobre o tema do momento a homossexualidade. Até que ponto essas preocupações são sinceras se necessitam de tantas justificativas para serem aceitas? 

Tudo o que precisa de muitas justificativas para haver aceitação esconde em si outras tantas intenções. 
A proliferação de motivos em justificativas mais parece recurso para pintar um quadro na produção de evidências para justificar o Eu e a moral. Não existe a preocupação de fato com o outro desinteressadamente.

Os olhos, enquanto símbolo coletivo, sempre tiveram aura de porta para se chegar à alma, uma entrada para as verdadeiras intenções livre dos mares poluídos dos interesses individualistas e mesquinhos. Porém, o homem sempre encontra meios de criar ilusionismos para mascarar o que é, por característica, muito complicado de se entender. Daí talvez o surgimento do termo olhares simétricos e assimétricos . 

As tentativas de encaixes nos padrões ditos como ideais sempre terão seus adeptos e seus opositores. Entretanto, o que seria mais importante nessa discussão é percebermos que manter os olhos abertos não significa limitar parâmetros entre simetria e assimetria. Há sempre um modo de fechá-los e reabri-los enxergando de outro modo o que antes só se percebeu de relance.

Um olhar verdadeiramente assimétrico, pronto para os renovos, não precisa de rios de justificativas em segundas intenções. Seus representantes, por si só, têm postura definida e seus gestos mais que palavras ao vento perpetuam nos outros, como uma reabertura de olhos, a verdade que estes vêem e carregam em seus interiores.

"Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas,
 pois todas as opiniões hoje aceitas 
foram um dia consideradas excêntricas."
Bertrand Russell

Andreia Cunha











Nenhum comentário:

Postar um comentário