Fato é que o veneno quando aplicado na dose certa traz a cura.
Inicio esse texto com uma conclusão, bem diferente da estrutura convencional de uma dissertação comum. Se bem que minha escrita não está sendo tecida, pelo menos nesse momento em que transponho letras para o papel, com a intenção de manipular, persuadir ou convencer meu interlocutor para um ponto de vista particular.
Apenas atento para a beleza da natureza. Ao mesmo tempo em que algo é criado como substância letal, a mesma manipulada pode se reverter em bem na forma de cura. Não considero o veneno um mal.
O animal que o possui utiliza-o como meio de defesa na hora em que se vê acuado pelo comportamento do outro. Ameaçador e ameaçado carregam suas armas e as utilizarão caso um ultrapasse os limites do outro.
Existe um princípio de liberdade como regra e outro de cuidado no transpor o que se considera padrão de segurança. Os instintos agem e delimitam territórios. Não há moção racional, tudo se baseia em ações e reações.
Com relação aos seres humanos, temos nossa carga instintiva (citando a legítima defesa como pequeno exemplo), mas igualmente temos a razão que por meio do pensar e repensar torna-nos cientes do que é certo ou errado. Há uma chance de escolha pautada nos ideais morais e éticos.
Creio (e aí adentro a parte dissertativa) que o maior problema humano está em reconhecer suas fraquezas quando estas são cometidas mesmo quando selecionadas num pensamento antes adequado e, depois com os resultados, alterados para inadequado. O corpo sabe de suas limitações e tenta traduzi-las em consciência, mas nem sempre acerta.
Nada mais natural, visto que a experiência depende mais dos erros do que acertos. Somos iludidos por nossos sentidos que como mecanismos de defesa nos levam a conclusões precipitadas. Nesse caso, os sentidos nossas glândulas de veneno que por vezes podem nos iludir e nos direcionar contrariamente ao inicialmente proposto.
Entretanto, como confiar em algo se não por meio dos sentidos? Retirar as ilusões pode nos levar aos caminhos do pessimismo por falta de sonhos. Tê-las em excesso é caminho para a total alienação – uma loucura que nos tiraria até do convívio com o próximo.
Seria o mascaramento em hipocrisia o meio termo ou o caminho para não sucumbirmos à alienação ou ao pessimismo?
Seria a hipocrisia o veneno e também o antídoto para nossa existência permanecer forte e viva nesse mundo de ilusões?
Enquanto humanos estamos fadados ao retirar camadas dessa cebola e pensar na nudez como algo inalcançável na qual se conduz ao nada quando por fim chegamos ao miolo?
Sinceramente não sei, não sabemos e creio que o que nos mantém seres ativos e pensantes é justamente não ter uma resposta definitiva para tal questionamento.
Andreia Cunha
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