evolução no fio dental
Caminhar por desertos e ainda encontrar as cidades com portas fechadas, não é para qualquer um. Há em mim, um espírito de andarilho que supera em tudo as razões mundanas. Entendo que o que busco está além de um amanhecer e anoitecer.
Pelas passagens feitas em andanças sem rumo definido, posso ver muitas situações que revelam mistérios pelos olhos comuns não percebidos. Isso implica numa força que suponho ter: a coragem de me perceber participante, porém não conivente com as pressões que sobre mim tentam exercer na medida em que por preconceitos sou tolhido (por inúmeros motivos: roupas sujas, cabelos desgrenhados, etc) de certas liberdades pelo que intitulam como razão humana.
O segredo de minha vida? Ah!Consiste em observar e caminhar para onde as pernas guiarem. É a filosofia “do constante amanhecer” que me conduz mesmo que o dia esteja seco como seco também posso estar em meu corpo naquele momento. Pois, sei que meu espírito se alimenta mais do que de uma simples manhã. Outras manhãs igualmente vieram e foram e tantas outras virão e também seguirão o curso de seu fim.
Ser andarilho é uma virtude do desapego. Constitui a sensação de pertencimento e igualmente não pertencimento a este mundo que possui seus pontos positivos e negativos. Ter o desprendimento de se perceber livre das singularidades é um dom que pode causar cansaço dos passos sem direção específica. Tem seu preço. Afinal nada é despropositado. Ser errante é ter bem claro no presente o espírito livre das altitudes e profundidades, da condição do vento e da água.
A andança tem seu fim assim como o corpo o terá um dia. O importante é sentir-se recompensado (assim como sinto) por vivenciar tantas manhãs e com elas despertar inúmeros sentidos e sentimentos que jamais se poderiam caso se ficasse inerte para as horas do dia.
A serenidade é translúcida, ultrapassa as barreiras do que ainda não se pode ver e, em si, constitui o princípio do equilíbrio.
Andreia Cunha
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