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segunda-feira, 13 de junho de 2011

MOMENTÂNEO

O BURACO TEMPO


     Nada podia contra a passagem do tempo. Esperava ansiosamente para que o dia do resultado chegasse. As horas, teimosas e arrogantes, caminhavam lentamente.  Quando queria outras coisas, principalmente as de lazer, agradáveis, o tempo voava a jato. Sentia um envelhecimento precoce por conta dessa espera angustiante. O futuro estava à porta e também naquela decisão que cismava em tardar. O futuro se chamava sexta-feira...
     Seu interior estava em bagunça plena. Por isso, tentava organizar a externa como fuga da desordem de si. Não adiantava muito.
     Nos momentos de parada entre gavetas e prateleiras, surgia inevitavelmente as contrações mentais daquele parto de dia marcado.
     O que será que dali nasceria? Uma nova esperança? Ou um desejo de consolo para o momentâneo instante? Fugaz medo do inseguro e dos fantasmas de suas vozes. Tinha medo de ficar consigo mesma.
     Estava prestes a se enclausurar, mas aqueles sons a faziam correr os pensamentos como num giro de ventilador ensandecido na velocidade máxima de um dia acalorado. Faltava concentração. Jogava paciência no computador, porém a impaciência era maior. Se pudesse mudar de nome seria a própria NEURA... Passado se imbricava com presente e tentava alcançar o futuro. Buscava merecimento para conseguir o almejado. Tentava barganhar com seu Deus interior e fazia sabotagens para não enlouquecer.
     O que seria? E o tempo não ajudava... Seria implacável: amigo ou não só ele mesmo diria com o consentimento do Divino para aliviar as dores humanas de quem dele dependia.

Andreia Cunha



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