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quinta-feira, 9 de junho de 2011

O SECRETO DA PEDRA

I  LUZ ÃO

Sou paródia, sou cópia, escultura de mim...De Pigmalião que quando se apaixono por sua obra não descansou até que esta tivesse vida para então possuí-la...Sou um segredo de pré-vida em formação constante que busca a paz no ato violento de nascer, de ser arrancado do ventre a força porque o tempo passa da hora de vir ao mundo...

Sou escultura, pedra maciça que mesmo bruta escondia-me em seu secreto de pedra...Estava lá escondida antes do escultor me encontrar e fazer-me sua obra maior...Expô-la para o mundo...Acharam-me perfeita...Causei espanto para uns e fui chamada de orgulho da arte para outros...Mas em mim não existe a Perfeição...Pois sou obra das mãos humanas, também imperfeitas...Que direi eu...Obra destas mãos?...

Sou IMPERFEITA escultura...Eis aí minha beleza – a imperfeição... De poses contorcidas e formas nuas de horas em exposição...
Posei, sim para meu Criador! Mesmo dentro da pedra e já existindo lá, fui também o produto de uma idéia...A Divina idéia...Por isso, os homens me admiram, pois quando a idéia do homem e o material usado por Ele estão em comunhão e coincidem na forma, resulta uma obra que traduz o desejo e a obra num único ser...E isso causa admiração...

E os outros que observam sabem a forma do desejo pensamento e o resultado em si, a concretização de toda uma vida de pensamentos em formas imagináveis...
Sou desejo e obra. Fui concebida por meio desses dois abstratos...E quem diz que sou concreto apesar de ser de pedra? Sou maleável e quero mais a suavidade da pedra eterna do que a dureza da crítica e do elogio. Rebato com a matéria de que sou feito...Pedra não é maleável...


Assim como o homem-barro se faz maior ou pensa se fazer maior que seu Criador nos seus atos corriqueiros brincando de Deus...Assim sou...Pedra esfolada e áspera no meu íntimo habita o sopro além da intransponibilidade de pedra...Mas também habita em mim a alma divina que ao Criador pertence... E o meu Criador está nas mãos daquele que me formou de dentro da pedra...A ele pertenço... Eles...Pigmaliões...Tantos quantos me formarem...


P.S. :  AS PALAVRAS EM NEGRITO, LIDAS SEPARADAMENTE , FORMAM UMA POESIA.






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