Sempre fora admirado por seus sábios conselhos. Desde muito jovem quando começou a proferir as primeiras palavras, as pessoas começaram a endeusá-lo.
Por mais que tudo isso parecesse mágico, em momento algum esse tipo de fama lhe subiu a cabeça a ponto de se colocar em posição superior. Pelo contrário, achava que tudo aquilo poderia lhe reverter em problemas, mas sabia que de um modo especial aquela era sua missão temporariamente.
Assim julgava: ‘temporariamente’. Desconhecia ainda o caráter humana movido pela insaciedade na busca de respostas mais do que em perguntas propulsoras de conhecimento. De modo que, com o decorrer dos anos, sentia-se cansado e percebia que estava chegando a hora de calar para buscar mais da seiva a qual dispensava sem saber exatamente de onde lhe viera a fonte.
A sua não era em si inesgotável. Sabia que uma hora a ampulheta reverteria e seria sua hora de recolhimento e aprimoramento. No entanto, quem o cercava não admitia isso como uma fase de aprimoramento do antes garoto e hoje homem.
A cada hora, suas palavras escasseavam e aqueles que recorriam a ele como oráculo já percebiam que a hora do calar estava próxima.
- Há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de falar e tempo de calar, tempo de... e tempo de... - dizia o Livro Sagrado em suas páginas bem marcadas...
Num certo dia em que a fila não parecia ter fim, sua boca se fechou de modo a qual não haveria mais meios de como ser ouvida. Era a morte que lhe chegava sorrateira. Apesar de a muitos dispensar sempre os conselhos exatos para as inseguranças alheias a respeito de suas vozes interiores, esses mesmos não a entendiam e nem como colocar em prática algo que não sabiam ao menos decifrar.
- ‘Todos possuem a chave, todos sabem onde encontrá-la. Uns a escondem por medo e fingem não saber, sabotando-se eternamente como se realmente não a soubessem encontrar. Outros a tem em mãos, mas se iludem com a porta e a fechadura tentando colocá-la ao contrário, também se iludindo em total paúra pelo que poderá ser o desconhecido. O medo em alguns casos é um aliado, em outros um temeroso fantasma’.
Mas as pessoas só entendem quando se predispõe a compreender e deixar a palavra sapiente adentrar os ouvidos prontos e atentos, fora isso, total perda de tempo...
E eis que ali permanecem até hoje, pois o guru fora embalsamado e recolocado em seu trono material...
Mas o mais importante que eram suas palavras, estas não eram mais ouvidas como a maioria a queria... Aos que se predispunham havia um livro escrito por alguns seguidores fervorosos na qual os curiosos e estudiosos o consultavam com diferentes intuitos... Cada qual buscando uma resposta, um consolo, uma verdade...
Verde idade...
Andreia Cunha
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